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Feira de Santana Igualdade Racial

Feira de Santana realiza 4ª Conferência de Promoção da Igualdade Racial após mais de uma década

O evento, que não era realizado há 12 anos, acontece no auditório da Secretaria Municipal de Educação e segue até terça-feira (15)

15/07/2025 06h36 Atualizada há 17 horas
Por: Mayara Naylanne
Crédito: Divulgação
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Com o objetivo de debater políticas públicas e garantir a efetividade de direitos para a população negra e demais grupos historicamente discriminados, foi aberta, na tarde desta segunda-feira (14), a 4ª Conferência Municipal de Promoção da Igualdade Racial de Feira de Santana. O evento, que não era realizado há 12 anos, acontece no auditório da Secretaria Municipal de Educação e segue até terça-feira (15), com mais de 200 participantes inscritos.

Durante a solenidade de abertura, a expectativa compartilhada pelos organizadores e participantes é de que os debates e deliberações gerem propostas concretas e viáveis, capazes de influenciar políticas municipais, estaduais e nacionais.

Foto: Onildo Rodrigues 

“Essa conferência vai além de um simples evento. Ela é um marco na construção de propostas para a efetivação de direitos”, afirmou Lisian Barbosa, tesoureira da OAB e conselheira do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial. Segundo ela, a OAB participa ativamente da conferência e atua no combate ao racismo, em especial ao racismo religioso, uma das ocorrências mais frequentes no município.
“Temos casas de terreiros destruídas, pessoas de religiões de matriz africana violentadas e sem acesso à justiça. A aplicação das normas antirracistas deve chegar às comunidades, às ruas e às escolas”, defendeu.

Lisian lembrou ainda que o racismo é crime grave e inafiançável, e que, dependendo da gravidade, pode gerar penas superiores a 20 anos. “É preciso informar e garantir que a população saiba disso, especialmente quem sofre com esse tipo de violência de forma recorrente”, disse.

A conselheira também destacou a importância de combater o racismo estrutural, inclusive dentro do próprio sistema jurídico. “Hoje, vemos um avanço dentro da OAB, com maior presença de mulheres e pessoas negras em cargos de liderança, tanto na subseção de Feira quanto no âmbito estadual”, afirmou.

Foto: Onildo Rodrigues 

Presente na conferência, o prefeito José Ronaldo de Carvalho destacou que o respeito deve ser praticado diariamente, e não apenas em discursos. “Mais do que palavras, o que importa são ações. Sempre tratei todos com dignidade, independentemente de cor, raça, religião ou posição política. Eventos como este fortalecem o diálogo e a escuta da sociedade”, declarou.

Foto: Onildo Rodrigues 

O vice-prefeito e secretário de Educação, Pablo Roberto, ressaltou a importância da conferência como espaço de escuta e construção. Segundo ele, a Secretaria de Educação participa ativamente das discussões e já adota ações para fortalecer a equidade racial nas escolas.

“A educação é parte essencial desse processo. Trabalhamos com políticas de formação para professores, desenvolvemos conteúdos alinhados ao Plano Nacional de Educação e promovemos ações para que os docentes sejam multiplicadores da luta antirracista em sala de aula”, afirmou.

Sobre os baixos índices de alfabetização registrados no município, o secretário pontuou que um conjunto de ações já está em curso para reverter os números. “Estamos convocando profissionais, ampliando o número de coordenadores pedagógicos, reestruturando a rede e realizando avaliações internas com o objetivo de melhorar os indicadores já neste ano”, declarou.

Foto: Onildo Rodrigues 

Para o ativista Aristides Maltês, a conferência é uma oportunidade crucial para expor as demandas da população negra e cobrar do poder público ações concretas. “O racismo religioso, a intolerância, a homofobia e o feminicídio são enfrentamentos que vivemos diariamente. A conferência é o espaço para denunciar essas violências e construir caminhos para combatê-las. Queremos levar nossas propostas à conferência estadual e depois à federal”, afirmou.

De acordo com Aristides, o evento conta com forte participação de representantes de religiões de matriz africana, como o candomblé, cujos adeptos ainda enfrentam grande resistência social e institucional.  “O povo de axé está aqui em peso. Somos um povo historicamente hostilizado e a nossa presença aqui é símbolo de resistência”, destacou.

Próximos passos

Durante o segundo dia da conferência, serão realizados debates em três eixos temáticos — igualdade, justiça racial e democracia. Ao final, serão escolhidos os delegados que representarão Feira de Santana na conferência estadual, com propostas que poderão avançar até o nível federal.

Segundo os organizadores, a melhor forma de contribuir com o evento é participar ativamente dos debates e propor soluções reais, capazes de impactar diretamente a vida da população negra e promover uma sociedade mais justa e igualitária.

Com informações: Onildo Rodrigues

Por: Mayara Nailanne 

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