Na manhã desta quinta-feira (27), a psicóloga Rejane Reis concedeu entrevista ao programa "Levante a Voz", da Rádio Sociedade News FM, para discutir um fenômeno comum durante o Carnaval: a intensificação dos impulsos e desejos sexuais. O evento, marcado pela liberdade e pela permissividade, frequentemente leva a comportamentos impulsivos que podem gerar consequências emocionais e psicológicas.
De acordo com a especialista, a explicação para esse comportamento remonta às origens históricas do Carnaval. "O Carnaval surgiu nos séculos XI e XII como uma manifestação ligada à Igreja Católica, antecedendo a Quaresma, um período de restrição e penitência. O evento funcionava como uma espécie de ‘despedida dos prazeres’, onde as pessoas se entregavam às suas vontades antes de um período de privação", explicou a psicóloga.
Essa tradição perpetuou-se ao longo dos séculos, e, segundo Rejane Reis, encontra respaldo na psicanálise. "O que é reprimido no dia a dia pode aflorar durante o Carnaval, funcionando como uma forma de expressão de desejos que, em outras épocas do ano, são controlados."
A psicóloga também abordou o comportamento masculino e a cultura da conquista exacerbada. "O que leva o homem a buscar ‘quantidade’ no Carnaval? Existe um fator histórico e social que reforça a ideia de virilidade associada à conquista múltipla, muitas vezes desconsiderando questões como consentimento e respeito ao ‘não’", pontuou.
Outro ponto debatido foi a mudança no comportamento feminino. "Hoje, muitas mulheres também assumem uma postura ativa no jogo da sedução, algumas até se dispondo a relações casuais sem apego emocional. Mas é necessário refletir: trata-se realmente de uma escolha consciente ou de uma resposta a anos de repressão? Para algumas, pode ser um protesto contra normas sociais, para outras, uma tentativa de preencher um vazio emocional."
O pós-pandemia também foi apontado como um fator relevante. "Ficamos muito tempo privados do contato social, e agora vivemos um momento de compensação. Nos consultórios, vemos um aumento significativo de questões emocionais e psicológicas associadas a essa busca por experiências intensas."
Em relação ao turismo sexual, que cresce na Bahia durante o Carnaval a psicologa falou que a procura de estrangeiros por aventuras amorosas é um reflexo da liberdade da festa, mas também exige atenção para questões de segurança e consentimento.
Sobre como lidar com essas emoções intensas, Rejane Reis destacou a importância do autoconhecimento. "O Carnaval passa, mas os nossos desejos continuam. Se eles são reprimidos, podem gerar frustrações. O segredo é buscar um equilíbrio, vivenciando prazeres de forma consciente ao longo do ano, sem precisar concentrar tudo em apenas quatro dias de festa."
A psicóloga também ressaltou a importância de criar expectativas realistas. "Relacionamentos de Carnaval podem, sim, se transformar em algo sério, mas também podem ser apenas passageiros. Ter clareza sobre isso evita decepções."
Ao final da entrevista, Rejane Reis reforçou que os consultórios psicológicos seguem recebendo pacientes ao longo do ano, mas que o pós-Carnaval pode ser um período particularmente intenso para muitos. "O importante é aprender a lidar com nossos desejos e emoções, buscando sempre o autoconhecimento e o bem-estar emocional."
Com informações:Luiz Santos
Por: Mayara Nailanne
Mín. 17° Máx. 26°
Mín. 17° Máx. 25°
Chuvas esparsasMín. 17° Máx. 24°
Chuvas esparsas