Por Lis Braga
Uma pesquisa recente do Instituto Locomotiva revelou que sete em cada dez mulheres brasileiras temem sofrer assédio durante o Carnaval. O medo é justificado: metade das entrevistadas relataram terem sido vítimas desse tipo de violência durante a folia e a preocupação se torna ainda mais relevante diante da cultura de permissividade que historicamente cercou esses abusos, muitas vezes tratados como situações corriqueiras. Para enfrentar esse problema, iniciativas como a Ronda Maria da Penha têm desempenhado um papel fundamental.
Em entrevista ao Conectado News, a tenente coronel Denice Santiago, idealizadora do programa da Polícia Militar da Bahia, destacou a importância desse avanço, explicando que a existência da Ronda Maria da Penha representa um marco na proteção das mulheres. "Estamos falando de uma corporação que destina logística, pessoal e material para atuar diretamente no cuidado e proteção de mulheres em situação de violência", pontuou a Tenente Coronel.
O avanço também se reflete na transformação da Ronda em um Batalhão Especializado de Proteção à Mulher, ampliando sua atuação. Durante o Carnaval, a Polícia Militar da Bahia intensifica a proteção, instalando tendas "Hoje Me Respeite" em locais estratégicos de Salvador, como a Praça Municipal e a Avenida Nilton Santos, para atendimento imediato a vítimas da violência.
Denice também enfatizou a necessidade de conscientização da sociedade para combater a cultura de permissividade com a violência de gênero. "Durante séculos, essa violência foi vista como algo de menor importância. O ditado popular "em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher", reforçava que ninguém deveria se intrometer em casos de violência entre marido e mulher, o que perpetuou a impunidade e dificultou as denúncias", explicou.
O Carnaval, por ser uma festa popular de grande expressão, acaba revelando a dimensão do problema. Com a criação de protocolos específicos, a segurança foi reforçada e passou a expor os números da violência contra a mulher nos eventos festivos. "A importunação sexual, que antes sequer tinha nome, passou a ser tratada como crime e a Lei Maria da Penha também se aplica a casos de violência cometidos fora de casa, desde que haja relação afetiva ou de parentesco entre vítima e agressor", explicou.
Para mulheres que se sentirem ameaçadas ou sejam vítimas de assédio, a orientação é buscar apoio imediato das patrulhas especializadas ou dos postos da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), distribuídos nos principais circuitos do Carnaval. "O ideal é acionar a patrulha mais próxima, caso conheça o agressor ou tenha provas como vídeos, áudios ou fotos, isso pode fortalecer a denúncia", recomendou.
A luta contra a violência de gênero depende também do engajamento da sociedade, casos de assédio em transportes públicos, por exemplo, só passaram a ser denunciados com mais frequência graças à indignação coletiva. "Precisamos parar de invisibilizar esse tipo de violência, para isso, é fundamental que as vítimas tenham coragem de denunciar e que a sociedade se una para exigir punição", concluiu a Tenente Coronel Denice.
Com a intensificação das ações de segurança e o fortalecimento da rede de proteção às mulheres, a esperança é que cada vez menos mulheres temam a violência durante as festas, afinal, folia deve ser sinônimo de alegria e não de medo.
Mín. 17° Máx. 26°
Mín. 17° Máx. 25°
Chuvas esparsasMín. 17° Máx. 24°
Chuvas esparsas