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Carnaval Mudança do Garcia

Mudança do Garcia: O Carnaval de protesto que resiste na Bahia

O cortejo foi chamado de “Arranca Tudo”, uma referência às condições precárias das ruas do bairro do Garcia.

12/02/2025 10h30 Atualizada há 4 meses
Por: Mayara Naylanne

Foto: Juliana Montanha/CORREIO

O Carnaval de Salvador é marcado por uma diversidade de expressões culturais, mas, ao longo dos anos, a festa tem sido moldada por grandes empresários que impõem um formato comercial ao evento. Em meio a essa massificação, a Mudança do Garcia resiste como um dos últimos resquícios do carnaval popular e irreverente da Bahia. O cortejo, que mistura folclore, protesto e celebração, completa 95 anos em 2025 e promete novidades para este ano. Esse ano a festa acontece no dia na segunda-feira de Carnaval, 3 de março, no circuito Osmar, no Campo Grande.

Outro destaque é a oficialização da Mudança do Garcia como Patrimônio Imaterial da Bahia pela Fundação Cultural do Estado, um reconhecimento à sua relevância histórica e cultural.

Em entrevista para o Conectado News,  Raimundo José Alves Badaró, representante da Associação Recreativa e Cultural Chupe Bico, uma das entidades envolvidas na organização da Mudança do Garcia, contou que  Mudança do Garcia continua fiel à sua proposta de ser um movimento livre e democrático.  "Não é necessário abadá para participar, embora camisas comemorativas sejam vendidas para ajudar a financiar o evento. A bagunça organizada do cortejo conta com alas distintas, incluindo mascarados, bonecos gigantes e grupos temáticos que dão vida às críticas sociais e políticas", contou. .

Com quase um século de história, a Mudança do Garcia segue como um dos mais autênticos espaços de expressão do carnaval baiano, provando que a festa também pode ser um ato de resistência e transformação.

Foto: CTB-BA

A Mudança do Garcia surgiu em 1930, criada por três músicos da Polícia Militar da época: Jaime Maromba, Zequinha e Candinho. Inicialmente, o cortejo foi chamado de "Arranca Tudo", uma referência às condições precárias das ruas do bairro do Garcia. O nome foi alterado para "Faxina do Garcia" e, posteriormente, para "Mudança do Garcia". Uma das lendas em torno da origem do nome sugere que tenha sido inspirado na mudança de uma famosa moradora do bairro, mas a versão mais aceita é que foi uma homenagem às transformações urbanísticas promovidas por um político local na década de 1940.

Raimundo José Alves Badaró, contou em entrevista ao Conectado News que ao longo de sua história, a Mudança do Garcia acompanhou as transformações sociais e políticas do Brasil. "Durante a ditadura militar, tornou-se um dos poucos espaços onde manifestações contra o regime podiam ocorrer sem forte repressão. Nos anos 1980 e 1990, o movimento foi um dos principais palcos de protesto contra o carlismo na Bahia. Com a ascensão da esquerda ao poder em 2006, algumas críticas perderam força, refletindo a própria mudança no cenário político", destacou. .

Foto: Divulgação

Outro grande impacto foi a proibição do uso de animais no cortejo, o que resultou na substituição das tradicionais carroças por veículos adaptados, mantendo a essência satírica da Mudança.

O representante da Associação hupa Bico, ainda salientou que para este ano, a organização promete um resgate da veia crítica do cortejo, reforçando parcerias com sindicatos e movimentos sociais. "O Bloco do Marcelino Galo, afastado nos últimos anos, retorna para dar ainda mais força às manifestações. Com a poláricação política no país, espera-se que as críticas sejam mais abrangentes, mirando tanto o governo federal quanto a gestão municipal", finalizou.

Com inofrmações: Luiz Santos

Por: Mayara Nailanne

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