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Feira de Santana Meio Ambiente

"A culpa é dos órgãos municipais que liberam alvarás sem critério", diz ambientalista sobre aumento de ocorrências de animais peçonhentos em área urbana

João Dias

27/04/2024 10h02 Atualizada há 3 semanas
Por: Hely Beltrão Fonte: Conectado News
Crédito - Luiz Santos - Arquivo Conectado News
Crédito - Luiz Santos - Arquivo Conectado News

Na tarde da sexta (26), publicamos um vídeo, mostrando o trabalho do Corpo de Bombeiros na captura de uma cobra jibóia, no jardim de uma creche localizada no residencial Campo Belo, no bairro do Campo do Gado Novo. No período das chuvas, jacarés foram capturados em vários pontos do município.

Ao Conectado News, o ambientalista João Dias, explicou por qual motivo estes acontecimentos tem se tornado tão corriqueiros em Feira de Santana. Segundo ele, faltam critérios técnicos por parte de órgãos municipais, na liberação de alvarás para construção de condomínios, que destroem o habitat desses animais, fazendo com que eles adentrem a casa das pessoas.

"Os motivos são vários, aquecimento global, as mudanças climáticas, os fenômenos El Niño e La Niña, tem mexido com os animais, insetos, principalmente os que transmitem as arboviroses, os répteis também estão sendo atingidos. Existem algumas ações preventivas que devem ser tomadas. As pessoas comentam bastante sobre a administração municipal, temos um município com quase o dobro do território de Salvador, que não possui nenhuma unidade de preservação, aqueles que propõe administrar Feira de Santana, tem de pensar seriamente em criar unidades de conservação de tempo integral a fim de manter longe os animais, isso não tem acontecido. O bioma da caatinga na região de Feira está bastante desmatado e não existe fiscalização, nem do INEMA (Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos), do governo do Estado e de nenhum órgão do município, não proteger o bioma também influencia. Um outro fator, é a expansão urbana da cidade sem nenhum critério por parte do município, o prefeito Colbert Martins (MDB), deveria vir a público responder essas questões. Tivemos ataques de gaviões na Kalilândia, no Feira VI, vários outros problemas com escorpiões, aranhas e serpentes, mas, porque isso tem acontecido?

"É bom que a sociedade saiba, que quando se faz um loteamento, devem ser registrados na SEDUR (Secretaria de Desenvolvimento Urbano) e na SEMMAM (Secretaria Municipal de Meio Ambiente), esses órgãos não têm observado, no que se refere aos loteamentos, de deixar um terreno ou dois, isso vai de acordo a avaliação técnica, para que os animais fiquem. As pessoas precisam entender que existem gambá saruê, preá, coelhos, serpentes, ratos, entre outros. Estes órgãos concedem autorização para construção em locais como o Papagaio, SIM e outros lugares, retirando toda a vegetação, com isso, para onde vão os animais? Para a casa das pessoas. Se o habitat natural destes animais está sendo retirado com permissão do município de forma abrupta e irresponsável. Recebi recentemente um vídeo, onde foi encontrada uma cobra coral verdadeira, a serpente mais venenosa do Brasil, mais até que a cascavel, dentro de uma habitação no condomínio Jardim Europa, em local onde havia crianças. No centro da cidade, alta incidência de jibóias. É preciso que a imprensa cobre ao poder público a forma como estão sendo licenciadas as áreas para condomínio, isso tem que ser revisto, se não, a cada dia, continuarão a devastar o ecossistema de Feira de Santana, colocando a sociedade em risco".

Ao ser questionado se existe alguma forma de impedir que este animais entrem nas residências, João Dias disse que a única forma seria viver de portas fechadas, mas, como isto não é possível, pede que haja mais critério nas liberações de alvarás.

"A forma correta seria manter a casa fechada, o que as pessoas precisam entender, é que antes delas chegarem, já existiam os animais e não podem retirar todos eles, a educação ambiental ensina que o ser humano deve viver de forma harmônica, pois, são os animais que mantém viva toda a espécie humana no planeta,porque realizam serviços ecossistêmicos. Não temos como viver com as portas fechadas, a mudança tem que começar pelo órgão licenciador, a forma como está sendo feita é errada, a SEDUR e SEMMAM que são as culpadas pela maneira que estão concedendo as autorizações, talvez, a lei que estes órgãos acompanham tenha que ser mudada, dada a grande expansão urbana que tem ocorrido em Feira nos últimos anos".                  

Reportagem: Hely Beltrão

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