Um feirense do bairro Brasília, virou destaque na imprensa mundial após um ato heróico, de atuar na contenção de um indíviduo que esfaqueava uma criança de 5 anos, em um atentado, ocorrido na quinta (23), na Praça Parnel, Centro de Dublin, capital da Irlanda. Em entrevista exclusiva ao programa Levante a Voz da Rádio Sociedade News FM concedida na manhã desta terça (28), Eder Santos, que é profissional da área de Tecnologia da Informação e mora fora do Brasil há 7 anos, conta como tudo aconteceu.
"Na quinta (23) estava voltando do trabalho de bicicleta, às 13:40h, quando ouvi uma mulher gritar do outro lado da rua, quando olhei, tinha uma mulher tentando proteger uma criança de tomar uma facada, mas, quando olhei o criminoso estava golpeando a criança, vi de 3 a 4 facadas. Um rapaz que estava pedalando a minha frente, desceu da bicicleta com o cadeado da bicicleta na mão, desci da bicicleta também, imediatamente corremos para cima a fim de evitar que o pior acontecesse, o rapaz que estava na minha frente, um irlandês, conseguiu golpear o agressor na cabeça, tudo que eu lembro foi o barulho da faca caindo no chão, do meu lado, peguei a faca e corri para o outro lado da rua onde tinha largado minha bicicleta e joguei a faca no mato, a única reação que eu tive foi essa, acredito que foi instinto, queria evitar o pior, tirar a arma da situação, o que para mim, oferecia o maior perigo naquele momento, depois, voltei a cena do crime, o agressor estava no chão, imóvel, duas senhoras tentaram protege-lo de linchamento, pedindo que as pessoas deixassem para a Polícia resolver. A criança tem cinco anos de idade, estava desacordada, lembro do rosto dela sujo de sangue, com a mão pálida e olhos entre abertos, rapidamente chegou uma mulher e começou a fazer massagem cardíaca na criança, nisso, saí do lugar, porque comecei a ficar assustado, pensei que a criança estava morta e eu não podia fazer mais nada, voltei, peguei minha bicicleta, subi um pouco a rua para me afastar da cena, a polícia chegou em 3 minutos com a ambulância, foi tudo muito rápido, os paramédicos foram direto para a menina e continuaram a massagem cardíaca, me desesperei, pensei que a menina não ia sobreviver. Liguei para o meu colega Irlandês, com o qual divido uma casa, contei o que aconteceu, só depois pensei que peguei na arma do crime, e pensei: me compliquei, o que eu faço?
"Eu queria voltar para casa, mas ele me aconselhou a falar com a polícia, por ter testemunhado e pego a arma do crime, que eu tinha evitado algo pior. Eu estava perto da cena do crime, voltei, já tinha um policial em pé ao lado da faca e um francês que tinha ajudado também a evitar uma tragédia maior, um garoto de apenas 17 anos, ele lutou com o agressor, estava todo machucado com corte na mão e um corte superficial no rosto. Me identifiquei e disse ao policial que eu tinha jogado a faca, o policial disse: muito bem, porque estávamos à procura de quem jogou a faca aqui. Imediatamente dois detetives me colocaram na viatura e me levaram para a delegacia, onde fui muito bem tratado, foram pacientes comigo, me pediram para ficar calmo e explicar tudo o que aconteceu, estava muito nervoso, porque só dizia a todo momento que eu tinha pego na arma do crime, que eu teria problemas na minha vida e também fiquei preocupado com a criança, por quem perguntava o tempo todo, eles pediram calma e colheram meu depoimento".
Após o ocorrido, Eder foi recebido no gabinete do primeiro ministro da Irlanda, Leo Vradkar.
Reportagem: Luiz Santos e Hely Beltrão
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