Nesta quinta-feira (21), às 19h, a Câmara Municipal de Feira de Santana, realizará sessão solene para concessão do Título de Cidadão Feirense ao cantor Tonho Matéria, proposta pelos vereadores José Carneiro Rocha (MDB) e Lú de Ronny (MDB).
Em entrevista ao Programa Levante a Voz da Rádio Sociedade News FM, Tonho contou histórias e curiosidades sobre sua trajetória de sucesso. Para ele, o seu pai, Sr. Dão, teve um papel muito importante na sua vida.
"Primeiro, trouxe a ancestralidade do pai, Sr. Agripino Gomes Conceição (Dão), onde eu fui um dos filhos de uma família numerosa. Tive um convite de uma universidade para receber, o título de Dr. Honoris Causa, mas olhei para trás e vi tantos homens e mulheres mais velhos do que eu, tinham mais experiência e não eram convocados, não poderia passar a frente dessas pessoas, por isso não aceitei até agora, quem sabe, mais adiante, quando aqueles que estavam a minha frente tiverem recebido, mas esse título aqui em Feira, sim, por conta da memória do meu pai, que foi um homem brilhante, que saiu de Feira e foi para Salvador, conheceu minha mãe lá e depois retornou, tanto que alguns irmãos meus nasceram em Feira de Santana, esse município que conheço, primeiro, pela minha arte na música, através de Manolo Possada e uma das primeiras pessoas que conheci no rádio, Flamário Mendes, que me estendeu a mão, Chico Caipira, Neto de Ghandi com que cantei em um comício no final da década de 1980, toda essa amizade que construí, Mestre Gago, Mestre Claúdio Angoleiro, que ia me ver cantando no Araketu, essa extensão de amizade, amigos, parceiros e minhas famílias, que moram em Feira, minha irmã Tereza, primos, sobrinhos e tios, essa homenagem é uma convocatória de Sr. Dão, que tem cinco anos que partiu, mas tem coisas interessantes que ele falava, que ao conversar com minha mãe de 90 anos durante uma consulta, minha mãe me disse algumas coisas que me fez concordar: é isso mesmo, eu tenho que estar lá, é uma coisa ligando outra, sou de respeitar a minha ancestralidade, que são aquelas pessoas que me deram uma direção, a possibilidade de ser o que sou, apesar de não estarem mais aqui, preciso fazer com que suas vozes estejam presentes diante da minha e do meu ser e para elas bato palmas", disse.
Início de Carreira
"Comecei no Ébano, depois Olodum, em seguida Araketu, Amantes do Reggae, Afrequetê tudo ao mesmo tempo, comecei a militar nesses lugares, mas sem pretensão alguma de me tornar uma pessoa muito conhecida, de ir para vários lugares, conhecer países, eu queria na verdade mudar minha família, meu sonho não era ter uma casa com luz, mas sim um barraco, porque fui criado em uma casa de fifó, não tinha fogão, não tinha luxo, piso de barro batido, eu queria aumentar só um pouco a casa. Nisso, Deus tocou e disse, você será a ponte, a árvore, o equilíbrio dessa família, entendo isso, quando uma vez minha mãe disse: meu filho, quem te pegou, quando fiz seu parto, foi na porta de casa no dia 12 de maio, dia das mães, uma parede estava caindo, minha mãe sentiu a dor e Dona Júlia, uma parteira da comunidade do Pau Miúdo, me pega, eu choro, ela me pega e diz assim para minha mãe: esse menino vai mudar a sua família", comentou.
Tonho matéria tem mais de 800 canções registradas
"Eu não tinha esse conhecimento, pois faço tanta música, as pessoas me pedem, eu gravo meus discos, pedi um balancete à Editora Universal, somente com eles, 386 canções registradas, fora Peer Music, BMG, com 500 canções minha editadas, é muita música, cantando com muita gente e projetos culturais.
Fiz algo interessante, Marcos, um amigo meu, me disse, Tonho, tem um editora em Paris que só trabalha com artistas internacionais e se você também tiver interesse em se registrar nesse novo lugar, se filiar. Estão registrados o Carlinhos Brown, Alain Tavares entre outros, e se eles estão, eu também vou e está dando lucros. Brown a partir do ano que vem, já se aposenta por essa instituição como artista, porque já tem 60 anos", afirmou.
Fama
"Em 1994, ano de ascensão na carreira, ainda não era o pagode baiano, era uma mistura do samba junino com samba duro, ainda coloquei um pouco do samba chula nas questões de verso, era um pot-pourri, eram várias canções, o que me chamou atenção é que eu tinha gravado meu disco, muito poético, a gravadora não aceita, disse que era para ter uma música para tocar no rádio. Quando sai pela noite e fui a um samba, ainda não se chamava Gangue do Samba, mas Banda da Usura, e aí ouvi cantar “Mostra a sua cara, o seu jogo de cintura, que menina”, e isso me chamou atenção, disse para mim mesmo, é agora que tenho de mostrar minha cara, que sou capoeira, e o meu jogo de cintura, chamei Nego do Surdo, que me cedeu a música, em parceria com Reni Veneno, ao saber que eu ia gravar ficou muito feliz e Nilton Teixeira, fui fazendo um apanhado de vários pedaços de músicas, montei o pot-pourri que fez bastante sucesso", concluiu.
Por Luiz Santos e Hely Beltrão
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