Combustíveis e alimentação mais barata tem ajudado a diminuir a inflação e agradado aos consumidores brasileiros e ao investidor estrangeiro, que tem elevado a nota de confiabilidade econômica do Brasil.
Em entrevista ao Programa Levante a Voz da Rádio Sociedade News FM na manhã desta segunda (31),o professor e Dr. em Economia da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Cleiton Silva, afirmou que houve uma melhora no poder de compra do salário mínimo com ressalva a alguns períodos específicos, mas ressaltou que a melhora na economia apesar de ser algo positiva, ainda está muito longe do ideal.
"Fizemos um levantamento sobre a evolução real do salário mínimo ao longo das últimas décadas, especificamente a partir da implementação do plano real e nós observamos uma coisa interessante, que o salário mínimo ao longo das últimas décadas obteve um incremento em termos reais, ou seja, a quantidade bens e serviços que as pessoas assalariadas compram hoje é maior que na década de 90, essa é uma informação importante do nosso levantamento, olhando a longo prazo houve um ganho real, mas quando se olha períodos específicos, a história é um pouco diferente", disse.
Apesar do aumento do poder de compra, o salário mínimo ainda está longe do ideal. Segundo o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio Econômicos) o salário mínimo ideal para junho seria de R$ 6.578,00 reais.
"O salário mínimo atual está muito longe do que o DIEESE sugere como salário mínimo ideal para o Brasil e será que um dia, nós, um país terceiro mundo, nos tornaremos um país de primeiro mundo? Me arrisco a dizer, que para nos tornarmos um país sério, demorará algumas décadas".
Comparação do poder de compra do salário mínimo da década de 2000 e atual
"Mesmo quando conseguimos expurgar a inflação e fazer essa conta, notamos que ouve aumento, esses R$ 1.320 de hoje é mais em termos de comida, bebida, diversão e arte do que o salário mínimo na década de 2000, quando falamos em ganho real, queremos dizer que houve um ganho em termos de poder de compra, mesmo expurgando a inflação de bens e serviços que corre no Brasil a uma taxa de 6% ao ano, se pegar desde a implantação do plano real para cá".
Para o economista, pessoas de baixa renda são experts na gestão do seu dinheiro
"As pessoas de baixa renda em geral sabem fazer cálculos sofisticados, de maneira rápida para colocar a restrição para funcionar, porque não é fácil a pessoa ganhar um salário mínimo e pagar as contas em dia, se divertir, comendo, pagando gás, energia e internet, ao meu ver, pessoas de baixa renda em geral têm uma expertise muito grande em fazer cálculo sofisticados, ainda que indiretamente no cérebro e rapidamente, para colocar toda a casa em ordem e não ficar devendo", disse.
Para Cleiton Silva, o programa Desenrola Brasil, que renegocia dívidas de pessoas inadimplentes é positivo, mas por si só não resolve o problema.
"Não ganharemos o jogo, mas são medidas importantes e que volta e meia acontecem, não só para consumidores, mas também para empresas, agora está vindo com o nome e abordagem diferente, mas de vez em quando, os bancos oferecem algum tipo de facilidade para pessoas que estão devendo conseguirem limpar seu nome em curto prazo, é uma medida importante, mas não é a salvação da pátria, o que resolve é crescimento econômico, crescimento da produtividade sistêmica da economia, e isso só se faz com muito trabalho, suor, lágrimas e esforço. Um esforço conjunto entre sociedade, empresas e setor público, não existe milagre", comentou.
Ainda segundo Cleiton, a queda nos preços não só da carne mas dos outros alimentos é uma mistura de fator sorte e políticas econômicas do governo atual
"Os indicadores econômicos, quando vem um pouco melhor ou pior em comparação ao passado, geralmente é por dois motivos: um pouco da sorte, choveu mais ou não choveu, a safra veio boa ou ruim, comércio internacional e a outra parte é a política econômica do Ministério da Fazenda e da Economia, política monetária, Banco Central autônomo, juntando essas coisas temos conseguido enxergar neste primeiro semestre de 2023, um cenário benéfico não somente com a inflação, ou preço das carnes, mas para um conjunto mais amplo dos indicadores macroeconômicos que tem feito com que empresários e consumidores fiquem mais otimistas com o Brasil, quando olhamos as sondagens, observa uma melhora significativa ao longos desses 07 meses de 2023", afirmou.
Agências Econômicas elevam classificação de confiabilidade do Brasil
"Quando o Brasil melhora com sua perspectiva ou com a própria nota de risco, agências mencionaram recentemente, isso é um sinal de que o mundo lá fora, os investidores estão olhando o Brasil com bons olhos. Repito, ainda não é a salvação da pátria, é preciso muito trabalho porque a respeito dessa melhora ainda continuamos em grau especulativo, ainda é arriscado, um pouco menos do que antes, o campeonato será ganha quando sairmos do grau especulativo para grau de investimento. Para isso, é necessário muito trabalho, reformas, estabilidade macroeconômica, inflação na meta, crescimento econômico robusto e assim veremos o Brasil voltar a ser o que dia foi, grau de investimento. Isso afeta toda a economia e toda a sociedade, quando eu falo de inflacionamento me refiro aos preços não somente da carne, mas também de bebida, diversão e arte crescendo moderadamente, ter mais previsibilidade para o futuro, empresários ter mais previsibilidade com relação a seus investimentos e a economia crescendo de forma sustentável", concluiu.
Reportagem: Luiz Santos e Hely Beltrão
Mín. 18° Máx. 26°
Mín. 17° Máx. 25°
Chuvas esparsasMín. 18° Máx. 26°
Tempo nublado