O ex vendedor de Acarajé, feirense, Matheus Hava 25 anos, se tornou modelo de estampas de grandes marcas com carreira internacional, revelado em 2021.Morador do Conjunto Feira VII até aos 18 anos e estudante da rede pública, Escola Municipal Prof. José Raimundo de Azevedo Caic ,Escola Municipal Faustino Dias Lima e Centro de Assistência Social Santo Antônio (Ecassa) em Feira de Santana Bahia. Hoje morando em Berlin na Alemanha Matheus Hava viu em pouco tempo a vida dar um salto.
Em menos de um ano de carreira coleciona trabalhos para grifes prestigiadas como Calvin Klein, Lacoste, além de editorias em publicações internacionais, como Marie Claire.
Em entrevista exclusiva ao Programa Levante a Voz da Rádio Sociedade News FM de Feira de Santana, o fenômeno da moda internacional contou sua trajetória de superação e sucesso.
CN: Como foi sua infância até chegar a realização desse sonho?
Matheus Hava:"Desde cedo que comecei trabalhar com minha mãe vendendo acarajé, não lembro com quantos anos ela começou a vender acarajé, mas trabalhei desde os 7 anos de idade até os 17, tentei conciliar o trabalho com minha mãe após começar trabalhar e em uma academia como auxiliar. Estudava pela manhã, à tarde trabalhava na academia, quando dava 4h, ajudava minha mãe colocar e montar banca de acarajé, depois voltava para academia para finalizar o meu turno, depois retornava para casa para ajudar até o final da noite e assim eram todos os dias de terça a sexta-feira".
"Quando completei 18 anos, fui morar com a minha avó, comecei trabalhar com venda de chip e plano de operadora de telefonia por 2 anos, fiquei desempregado cursando a faculdade, ficou difícil emprego, então decidi morar no Rio de Janeiro com uma prima, fiquei com ela três meses até conseguir alguma coisa, em seguida conseguir trabalhar, aluguei uma casa as coisas foram dando certo e nesse meio tempo tive vontade de modelar, mas alguns achavam que eu não tinha perfil , cheguei ir ás festas de trabalho, o pessoal sempre falava, porque você não tenta carreira para modelo".
"Procurei agências, algumas me procuraram e pediram investimento alto, como não tinha como pagar e medo de tentar fazer esse investimento por ver muitas pessoas que já tentaram e não trabalharam, só fizeram gastar dinheiro, passei dois anos tentando em agências erradas e acabei desistindo.
Continuei trabalhando com salgados e doces, foi quando veio a pandemia da Covid -19, as vendas começaram a cair, daí decidi tentar novamente , comecei procurar agências em São Paulo por indicação de um amigo ele falou que era realmente sério o trabalho da agência em uma dessas tentativas uma agência me aprovou fiz avaliação pessoal e aprovado no mesmo dia".
"As agências sérias não cobram investimentos iniciais, elas só começam trabalhar se realmente acreditar no potencial do profissional, elas investem mesmo, e a gente vai retornando os pagamentos dos trabalhos com os serviços que a agência vai conseguindo, foi bem tranquilo, com 4 meses modelando consegui oportunidade de vir para Alemanha e chegando no país já assinei contrato com uma das maiores agências aqui, daí em diante só sucesso graças a Deus".
CN: Qual a mensagem você deixa para a criançada e aqueles que têm o sonho de ser modelo?
Matheus Hava: "Antes de entrar para agência eu achava que seria um empecilho a minha idade porquê geralmente os modelos começam aos 16 anos, eu tinha 24, achava que poderia ser um obstáculo, mas quando finalmente comecei descobri que a idade hoje em dia já não importa tanto, pode começar dependendo da idade, tem modelo que começa com 30 ,não influencia o estereótipo, porque tem trabalho para todos os tipos de modelos, altura também já não é mais uma coisa que impede modelar.
A moda é um mercado muito muito abrangente muito aberto para pessoa de todos os tipos de etnias. O conselho para quem tem medo de qualquer que seja a carreira, ou sonho é nunca desistir de lutar e estudar que é essencial independente do ramo, ter entendimento da área, não parar Independente das pessoas falarem para tentar outra coisa, persista pois uma hora dá tudo certo".
A carreira de modelo é rentável realmente ?
Matheus Hava: "Se a pessoa fizer o trabalho só por dinheiro não vale a pena, tem que fazer por paixão, ou prazer e não por obrigação por precisar de dinheiro".
A remuneração depende do profissional, mas também tem modelos que vão até 50 e 60 anos trabalhando tranquilamente, com relação a pagamento é uma profissão que se o profissional se dedicar consegue sobreviver só da moda, vivo só da moda, não é fácil toda carreira tem seus dias difíceis, mas se a pessoa der o seu melhor e sempre buscar aprender se atualizar do contrário fica ultrapassado".
Você não pretende trilhar a carreira de ator?
Matheus: "Sempre tive vontade de atuar, pretendo um dia começar, estou tomando curso de inglês já converso bem os assuntos no idioma.
Você é negro, isso impacta de maneira positiva ou negativa no mercado da moda?
Matheus: "Antigamente eu acreditava que seria empecilho para mim, mas vejo que não, muitas marcas preferem modelo negros, e graças a Deus não tive problemas, as cosas têm mudado bastante".
Quando virá à Feira de Santana?
Matheus: "Pretendo esse ano, mas não tenho certeza porque carreira de modelo é imprevisível, sempre há mudanças na agenda tem todo um planejamento".
Já fez o acarajé em Berlin?
Matheus: "Não, porque não encontrei os ingredientes, é difícil achar feijão fradinho aqui {risos}. Estive em uma festa junina e tinha acarajé , comi, mas não é igual, passou longe do acarajé baiano" finalizou.
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Ouça a entrevista com o modelo internacional Matheus Hava
Reportagem Luiz Santos e Ana Meire Dias
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