O mundo acompanha a guerra entre Rússia e Ucrânia que já dura mais de 100 dias e deixou centenas de mortos, bem como as consequências econômicas decorrentes do conflito.
O Conectado News entrevistou o feirense Jadiel Ferreira de Oliveira, que já atuou como embaixador da República por mais de 25 anos, morou em mais de 15 países, serviu no Oriente Médio, Europa Oriental, Índia, Coreia, Japão e hoje vive em Flores-GO, cidade com 12 mil habitantes. "Nasci e cresci em Feira de Santana, amo minha cidade, muitas saudades".
Segundo Jadiel, os grande veículos da mídia contam apenas a versão americana e europeia da guerra, mas não a verdadeira história.
"Sobre a guerra entre Ucrânia e Rússia é preciso ter cuidado som as informações. A narrativa da OTAN (Organização Tratado do Atlântico Norte) desde que a União Soviética se dissolveu em 1991, havia um acordo firmado em 1955 (Pacto de Varsóvia, em que a OTAN se comprometia em não expandir o seus domínios ao redor da Rússia) foi desobedecido no ano de 1997, em que a OTAN conseguiu amealhar vários países que pertenciam a ex-União Soviética a exemplo de Bulgária, Polônia, Croácia, com isso, fazendo um cerco ao redor da Rússia, que se sentiu cercada. Não adianta ler jornal no Brasil, pois a nossa imprensa, a americana e da Europa Ocidental repetem a narrativa da OTAN. Essa história não é verdadeira, a verdade é que a Rússia se sente ameaçada desde que OTAN começou a se expandir pelo leste, mas agora sobretudo com a ameaça da Ucrânia se filiar a OTAN. Por que isso? Porque a Ucrânia é um corredor natural, Moscou está bem perto, ali é uma planície, Napoleão Bonaparte e Hitler entraram por ali, via Ucrânia. Então a Ucrânia não pode entrar para a OTAN. Volodimir Zelensky, atual presidente da Ucrânia, dizia que queria entrar para a OTAN, mas agora diz que isto é negociável. Seria melhor ter agido como a Finlândia no passado, se declarar neutra, porém, imagine você que a Rússia não pode tolerar que um país vizinho tenha bases militares estrangeiras, com armas nucleares, misseis, qualquer grande potência não aceitaria, essa é a verdadeira história".
CN - A Rússia está correta em lançar a ofensiva?
"Tinham que fazer isso, não havia outro jeito, a Rússia em dezembro mandou cartas a Washington propondo negociações, os americanos querem que a segurança europeia seja tratada como um todo e não somente de um lado, todo mundo tem que se sentir seguro, os americanos nem responderam, então, não havia outra solução, o jeito era neutralizar a Ucrânia. A Rússia não tem interesse em ocupar toda a Ucrânia, somente a faixa leste, a região de Donbas, Luhansk, Donetsky e uma faixa no sul que vai até Odessa para fechar o acesso ao Mar Negro".
CN - O que acontecerá daqui para a frente, com os países fornecendo dinheiro e armas para a Ucrânia?
"Houve uma mudança de tática, talvez pensaram que fosse a Crimeia em 2014, em que eles entraram, foram aplaudidos, ninguém fez nada. Crimeia e Odessa também foram território russo, quando a União Soviética foi formada em 1917 por Lenin, eles criaram a Ucrânia, a capital hoje conhecida como Kiev, já existia, é uma cidade muito antiga, a Rússia nasceu lá na verdade, é muito mais velha do que Moscou, eles escolheram uma estratégia que não deu certo e mudaram de estratégia, resolveram concentrar-se no leste e no sul, estão avançando até chegar em Odessa e consolidar essas duas faixas, do leste e o sul até Odessa. Este fornecimento de armas não é gratuito, isso é um empréstimo em dinheiro que está sendo debitado em conta, que apresentarão depois a Ucrânia, de bilhões de dólares. O que ninguém diz, mas os entendidos sabem, eu passei 50 anos na diplomacia, 20 anos como embaixador, me aposentei em 2011. São os fabricantes de armamentos que estão por trás disto, pois precisam vender as armas que eles fabricam, aviões, mísseis, bombas, porque a paz para eles é um perigo, eles financiam os grandes fabricantes de armamento sobre tudo, o que o então presidente dos Estados Unidos Dwight D. Eisenhower (1953-1961), a época estava em Feira de Santana, eu ainda era um garoto, ele advertiu os americanos sobre o perigo do complexo industrial-militar querendo influenciar a política externa americana e conseguiram, porque eles financiam grandes organizações, que contratam os melhores alunos, das melhores universidades pagam a peso de ouro, para ficar olhando o mapa do mundo o dia inteiro e identificar onde pode haver um conflito e se não tiver um eles criam para vender arma, eles não podem parar de vender armas, eles influenciam negativamente a política externa de um país, de uma potência como Estados Unidos, isso acontece também na Inglaterra e um pouco na França, na Alemanha muito menos. Essas grandes fábricas, não aparece, ninguém fala delas, mas a 70 anos atrás Eisenhower já havia advertido, presidente americano e general, foi comandante e chefe das tropas aliadas na Segunda Guerra Mundial e se elegeu presidente dos Estados Unidos, que já tinha essa visão há a 70 anos atrás".
Reportagem: Luiz Santos, Hely Beltrão e Nivaldo Lancaster
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