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Justiça Racismo

"Sentir a dor de um irmão negro é muito forte, mas, sentir na pele como eu senti, é pior", diz jornalista vítima de racismo em Feira

Jornalista foi "confundido" com um ladrão, pelos funcionários de uma loja de eletrodomésticos do centro da cidade

16/05/2022 17h00 Atualizada há 3 anos
Por: Hely Beltrão Fonte: Conectado News
Denivaldo Costa
Denivaldo Costa

13 de maio de 1888, abolição da escravatura no Brasil. Desde então, passaram-se 134 anos, mas não há nada que se comemorar, pois até hoje pessoas são discriminadas por causa da cor da pele. Foi o que aconteceu com o jornalista Feirense, Ferreira Junior, que passou por uma situação, no mínimo, humilhante.

Em entrevista ao Conectado News, Ferreira Junior contou que foi ao centro da cidade para comprar um aparelho celular e uma tv. Entrou em uma loja na Avenida Sr. dos Passos, parou para atender o celular, e então começaram os  problemas.

"Sofri um ato de racismo um crime de preconceito racial em uma loja de eletrodomésticos no centro da cidade. Fui fazer uma tomada de preços de uma TV e um celular, e nesse meio tempo, assim que entrei na loja, acabei recebendo algumas ligações, nós que somos da imprensa trabalhamos a todo momento, o celular é uma ferramenta de trabalho, falamos a todo momento ao celular dando informações, editando vídeos, neste momento entrando na loja eu comecei falar com meu irmão que também é comunicador, e que edita alguns vídeos para mim. Nesse meio tempo acabei não direcionando a compra, fiquei no interior da loja como é de praxe, normal, várias pessoas passarem por isso, antes de ser atendido receber uma ligação, falar com alguém, encontrar algum conhecido e ficar conversando, nesse período de aproximadamente 15 minutos falando ao telefone, falei com os vendedores que estava enviando alguns vídeos e áudios para o meu irmão fazer edição, uma pessoa veio até mim e perguntou, o que deseja meu amigo? De uma forma não tão educada, porque já estava desconfiando se tratar de um ladrão, e eu disse a essa pessoa: estou falando ao celular daqui alguns minutinhos serei atendido por um vendedor. Nesse tempo, passaram-se 3 minutos aproximadamente e pude constatar a presença de uma guarnição da Polícia Militar, que falou com uma das gestoras da loja de eletrodomésticos, que autorizou, além do fiscal da loja, o fiscal de segurança, que fizeram a solicitação dessa guarnição para me revistar, saber se tratava mesmo de um bandido ou não. Uma humilhação grande, um preconceito que nunca havia sentido na pele, na verdade foi a primeira vez que eu fui abordado pela polícia dentro de uma loja, não foram grosseiros os policiais, pelo contrário, foram educados pediram meu documento, fiquei muito assustado porque nunca vivi isso, nunca imaginei viver isso dentro de uma loja, na verdade a pessoa não espera viver isso em local nenhum, quanto mais em público, tinham pessoas dentro da loja que presenciaram um constrangimento absurdo, uma vergonha muito grande eu sofri", relatou.

O jornalista disse ainda, que ja está sendo acompanhado por dois advogado e que as investigações estão em curso, "Estou com dois advogados, que estão me acompanhando nesse período inicial, onde a Polícia Civil está investigando, prestei o depoimento na última sexta-feira dia 13, a delegada de plantão, Ludmila Vilas Boas, e estou a disposição da justiça, aberto as investigações, que também ouvirão o outro lado", disse.

O advogado constituído pelo jornalista Ferreira Junior, o advogado Tiago Glicério, explicou os próximos passos a seguir, "Ferreira Júnior nos procurou e foi orientado a tomar as medidas cabíveis, como todo cidadão deve tomar. De imediato, após contratação do nosso escritório, lavrou boletim de ocorrência, no qual comparecemos na sexta-feira, na primeira Delegacia de Polícia Civil em Feira de Santana, onde ele prestou depoimento e iniciou o processo de apresentação de provas, áudios e vídeos. Agora, o inquérito policial vai seguir sob os cuidados da delegada, que em virtude dos princípios constitucionais do contraditório, entrará em contato com os  representantes da empresa e seus prepostos, para que prestem também seus esclarecimentos para elucidar a situação. Depois, o inquérito será encaminhado à justiça e seguirá os trâmites judiciais", disse.

Reportagem: Luiz Santos e Hely Beltrão

3 comentários
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FelipeHá 3 anos Feira de SantanaMais um que de forma obscura prejudica o vendedor, gostaria de escutar o outro lado e não narrativas cheias de comentários!
SilvioHá 3 anos Feira de santana bahiaNós negros de pele escura convivemos com esses relatos no dia a dia. Que a justiça faça valer tal preconceito.
ROQUE DE ALMEIDA SOUZAHá 3 anos Feira de SantanaLamentável muito triste
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