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"Sobre o racismo a nossa voz não tem mais como ser silenciada” afirma professor Daniel Pinto

Filhos e filhas da resistência.

14/11/2020 11h29 Atualizada há 5 anos
Por: Ana Meire Fonte: Conectado News
Foto Arquivo pessoal
Foto Arquivo pessoal

Sábado também é dia de conhecermos belas histórias, que são verdadeiras lições de vida! 

E nada mais inspirador do que os nossos capítulos verídicos contados aqui, por Filhos e Filhas da Resistência. E hoje, dia 14, venham com a equipe do Conectado News, nessa viagem do conhecimento, de nome Daniel Pinto, Professor de Geografia.

“Sou Daniel Ricardo Santos Pinto, feirense, com muito orgulho, com muita satisfação, cidadão do mundo! Nasci na nossa princesa do sertão, no final dos anos 70, estou na casa dos 40 anos de idade, e eu gosto muito de viver em Feira, gosto muito de conhecer os lugares daqui e do mundo, sou apaixonado pelo continente africano, apesar de que ainda não tive o prazer de colocar os meus pés naquela terra sagrada. Estudei a vida toda na rede pública e o ensino superior na nossa queridíssima UEFS (Universidade Estadual de Feira de Santana), na graduação em Licenciatura em Geografia. Desde a minha infância sempre tive o hábito de fazer histórias em quadrinhos, com os meus personagens, as minhas experiências, as minhas fantasias, com os desejos que eu pensava em alcançar, sempre fui um sonhador. Também escrevi alguns pequenos livretos, coisas minhas, a minha família já tinha contato com as minhas histórias em quadrinhos e com os livros básicos que eu fazia, meus amigos e meus colegas de escola também e, com o passar do tempo, fui aperfeiçoando. Quando cheguei à UEFS meu tempo foi ficando escasso e volta e meia que eu fazia minhas HQs. Fiz a minha pós-graduação em Antropologia e Turismo, pela UEFS, o que abriu bastante os meus olhares a respeito da questão antropológica em nossas vidas. Hoje trabalho na rede pública estadual e na rede privada de ensino, sou muito feliz com o que faço e onde eu trabalho, porque eu desenvolvo ações pedagógicas na perspectiva geográfica, dentro daquilo que eu acredito, dentro do que os teóricos contemporâneos orientam. Sou muito abraçado por todos os locais em que eu atuo; isso é muito importante porque eu tenho o apoio, não somente das instituições, mas dos recursos humanos que fundamentam as minhas práticas pedagógicas. 

O professor continuou o seu relato: “desde sempre eu tinha curiosidade em conhecer países, meu primeiro objetivo era conhecer o Brasil, achava que seria a minha obrigação primeiro conhecer a minha terra, para depois conhecer a terra dos outros, e foi assim que eu fiz, conheci muito do meu país, todas as regiões brasileiras, todos os ecossistemas, todos os biomas do Brasil; eram viagens turísticas, viagens para aprendizagem, para a prática, fazendo a relação que a Geografia exige entre teoria e prática. Foram momentos extremamente valiosos, mas chegou um determinado momento em que eu comecei a ter mais vontade de expandir os meus horizontes para outros lugares, estimulado por uma irmã, fiz a minha primeira viagem internacional, acho que como a maioria dos brasileiros acaba fazendo, fui para a Argentina e foi uma experiência riquíssima e de lá eu comecei a abrir os olhos tanto para a Europa, para a África ou quaisquer outras partes do mundo. E assim fui para a Europa, o primeiro país que eu achei que eu deveria realmente conhecer era o país dos invasores, saber os porquês, e lá eu fui e estive, um bom tempo, em Portugal. Passei a conhecer o país de norte a sul, fiquei meio impactado com a riqueza construída pelo sangue, suor e lágrima do povo africano e de muitos brasileiros, foi uma experiência muito rica, uma viagem essencialmente cultural. Logo depois eu fui para a Inglaterra, conhecer também um pedaço dos colonizadores que espalharam suas ações no continente africano, fui para a Espanha, depois França, passei quase 1 mês e meio na Alemanha, República Tcheca, Eslováquia, Eslovênia, Suíça, no total foram, até então, 23 países conhecidos e tentando compreender a dinâmica de vivência dessespovos latino-americanos e europeus. Meu próximo destino com certeza será qualquer um dos 54 países africanos, qualquer um será muito bem-vindo.”

Daniel nos falou mais sobre sua trajetória: “escrevi, em 2018, um livro chamado “Reflexões Negras: Superando o Racismo e Seguindo em Frente”. Foram 2 anos escrevendo esse livro, na verdade eu não tinha muita convicção de que seria um livro, eu estava escrevendo algumas ideias e memórias, alguns relativos, momentos de experiências com relação a situações racistas vivenciadas e quis externalizar, quis buscar uma forma de me ajudar e ajudar os outros, para que pudéssemos refletir a respeito da nossa posição, do nosso posicionamento real perante as desigualdades raciais. E, quando me dei conta, era um livro e resolvi custear esse sonho de forma materializada e hoje, felizmente, esse livro já está nos Estados Unidos, na Inglaterra, na Alemanha, Espanha, Portugal e logo vai chegar ao continente africano, assim como o meu segundo livro. E esse segundo livro, o “D’África: O Continente em Poesias” eu idealizei no ano passado e está sendo lançado hoje, 14 de novembro. Eu acho que é, realmente, uma causa necessária para ser discutida em todos os espaços, pois nós estamos em todos os espaços. Independente das estruturas vigentes atuais no Brasil e no mundo, a nossa voz não tem mais como ser silenciada.”

 

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