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“O que dá beleza para um jardim são exatamente todas as cores”, afirma escritor Arisson Tavares

Filhos e filhas da resistência

13/11/2020 11h00 Atualizada há 5 anos
Por: Ana Meire Fonte: Conectado News
Foto Arquivo pessoal
Foto Arquivo pessoal

Hoje é mais um dia lindo de histórias emocionantes, aqui no Conectado News, na nossa série dedicadas a nossas irmãs e irmãos negros, que muito tem a nos ensinar.E a nossa homenagem tem nome: Filhos e filhas da resistência.  Acompanhem conosco! 

Hoje o nosso personagem da vida real é o Escritor, Jornalista e Cartunista Arisson Tavares da Silva, de Brasília, Distrito Federal. 

“Eu escolhi algumas profissões que, realmente, há uma década era um cenário em que não existiam muitos negros. Na faculdade de Jornalismo eu era minoria, no mundo dos cartoons não são muitos negros que tem uma representatividade nacional e na literatura também, eu participava de eventos que eram uma ou duas pessoas negras; eu acho que esse cenário vem mudando, graças a Deus, mas há muito percurso  para se tornar 100%, um local inclusivo, um local onde negros, brancos e índios vivam juntos, porque a cor não diz quem você é, ela não impõe quem você é, mas ela pode sim representar uma força maior, porque as pessoas que eu conheço que são negras e tem uma representatividade, uma realização como profissional ou até como artista, tiveram que lutar em dobro. Às vezes, ao olhar um negro, nós podemos até tirar o chapéu, porque o esforço que eles fizeram foi triplicado, são pessoas muito mais fortes, mais resistentes e que merecem uma salva de palmas. Então, é uma jornada, existe um percurso, para alguns é mais rápido, alguns vão a pé, outros vão de carro, tem semáforos, tem quebra-molas, engarrafamentos, a vida é essa jornada. E eu acho que o negro não tem que ficar com peninha ou alguma coisa assim, ‘nasci com selo e tudo é mais difícil para mim’, é exatamente o contrário, nós temos que unir, mostrar nosso potencial, não responder o preconceito com o preconceito – isso também é muito importante -, as novas gerações que estão vindo estão com essa carga de que somos todos iguais realmente. Um  jardim pode ser feito só de flores amarelas, mas o que dá beleza para um jardim são exatamente todas as cores, todas elas unidas dão uma beleza maior para o jardim. E é assim que nós temos que conviver, sabendo que há flores com cores mais vivas, cada uma tem sua característica, mas nenhuma delas perde a sua beleza diante de todo o contexto do jardim”, relatou Arisson. 

E nos contou mais sobre ser um filho da resistência: “o preconceito não vai morrer com imposição, porque foi exatamente com imposição que o preconceito nasceu, foi exatamente por conta da escravidão, por esse olhar de que as vidas não valiam nada. O que vai destruir o preconceito é essa visão que as novas gerações estão tendo, que é de retirar essa cultura que vem sendo carregada de geração em geração, é quebrar esse ciclo, mostrar para os nossos filhos que as pessoas são iguais, independente do dinheiro que ela tem, da beleza que ela tem; enfim, cada vida vale a pena, cada esforço vale a pena e, graças a Deus, nós vemos que esse cenário está mudando. E no Jornalismo, nós vemos a Maju na televisão e não são tantos negros, é um cenário que está mudando aos poucos, mas que é isso mesmo, são passos de formiga, que se forem para a evolução, vale a pena continuar essa caminhada, é um engatinhar, mas vai chegar lá. Vamos ter fé, nos unir e, quando eu digo nos unir não é para afastar as pessoas que são brancas e ficar apenas os negros, não é isso. É realmente dar as mãos!” 

 

 

2 comentários
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Anair LopesHá 12 meses Porto Alegre Que texto maravilhoso! A união das pessoas é a melhor...fazendo um jardim com todas as cores!!!
Porfiria Tavares Dos Santos Oliveira OliveiraHá 12 meses LuziâniaQue orgulho meu filho, concordo em gênero número e grau. Parabéns.
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