O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), anunciou na sexta (11) o novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Na Bahia, o programa vai investir R$ 119,4 bilhões entre elas, a duplicação das BR 101 e 116 que cruzam Feira de Santana.
Em entrevista ao Conectado News, o engenheiro civil Danilo Ferreira, disse ser a favor da demolição de três viadutos construídos durante a gestão do ex prefeito José Ronaldo de Carvalho (UB), que segundo ele, hoje são um problema para a mobilidade do município.
"Essa é uma discussão antiga travada no município, que desde quando foram feitos os viadutos, demonstramos que daria problemas transtornos as pessoas, não deu outra, os viadutos hoje são um problema para o fluxo urbano, quem passa pela avenida João Durval sabe que no horário entre 7 e 9h demorasse quase 20 minutos para poder cruzar, na Maria Quitéria com a Fraga Maia, a mesma coisa, duplicar não resolve, por uma questão simples: existe um estrangulamento da via e isso causa transtornos e a tendência é isso aumentar, por que você tem o Papagaio, do lado da Fraga Maia, que tá em plena expansão, aqui também na Getúlio Vargas, os três viadutos construídos na gestão de José Ronaldo de forma equivocada, agora temos a oportunidade de ir junto com o governo federal fazer essa discussão da requalificação desses cruzamentos, importantes para o desenvolvimento da cidade e que precisamos estabelecer bem claramente qual o posicionamento. O meu posicionamento técnico e pessoal como engenheiro civil, é que não há outra solução a não ser a demolição dos viadutos", disse.
Ao ser indagado a respeito do valor para demolir estes viadutos e construir novos, Danilo disse que sairia mais barato que os construídos pela Prefeitura.
"A demolição dos viadutos e utilização desses recursos para construção dos novos viadutos que possam dar a cidade a fluidez que ela precisa, podemos aproveitar a oportunidade para fazer um viaduto novo no sentido do Anel de Contorno, como foi feito no Sobradinho, no Morada das Árvores, que são viadutos altamente eficientes, trabalhei em quatro deles na Transnordestina, fiz as aduelas de concreto, são viadutos que são que têm características rodoviárias, e que permitirão, em caso de requalificação das vias, que tenhamos faixas para transporte público exclusivo, algo necessário nesse trecho que é bem urbano e que tem demanda para transporte público. Com relação ao custo, fazer um viaduto por cima do outro, essa altura, desnível, a quantidade de concreto, a estrutura necessária é muito mais robusta do que fazer o desmonte de um e construir um novo, quando se reconstrói um novo em uma altura menor, basta você construir as aduelas de concreto ou fazer algumas vigas que possam suprir o tamanho das vias tanto da Getúlio Vargas, João Durval e Maria Quitéria, e que as pessoas passem por estas vias tranquilamente. Defendo que temos de olhar com atenção para esse problema criado por José Ronaldo de Carvalho e que possamos dar uma resposta a cidade que ela precisa para o seu desenvolvimento futuro, pois com essa obra, não estamos pensando para os próximos dois anos, mas sim, para os próximos 50 anos", afirmou.
O engenheiro também contestou a alegação da Prefeitura de que não poderia realizar a intervenção.
"Isso não é verdade, essa foi uma decisão pessoal de José Ronaldo, me lembro muito bem que foi sugerido a ele, dissemos a ele: prefeito, o Sr. pode fazer aqui, o projeto foi apresentado ao DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) e sendo aprovado, qualquer ente público pode atuar sobre qualquer obra pública, mas é necessária a autorização do DNIT, fazer um projeto qualificado que esteja nas normas do DNIT e isso ele não quis fazer na época". disse.
Pode soar um pouco pesado, para quem é da área, “construir, é desconstruir para fazer novo”, essa é a nossa posição hoje, a prefeitura recentemente gastou R$ 30 milhões de reais para duplicar os viadutos. Em conversa recente com o prefeito, disse a ele que poderíamos ter feito algo melhor, os mesmos viadutos que eu construí na UEFS (Universidade Estadual de Feira de Santana) no Parque Ipê custaram metade disso e seriam viadutos novos.
Valores
"Precisa ser avaliado o nível de volume de corte de aterro, porque a princípio se levássemos em consideração as metodologias adotadas no viaduto da próximo a UEFS, são métodos padrão, que podem ser moduladas em qualquer espaço que se queira passar com o carro, portanto, o que diferencia um viaduto do outro é a quantidade de aterro que se coloca, numa cabeceira ou na outra, basicamente essas aduelas com o volume mais ou menos intermediário de aterro ali poderia sair em entre R$ 15 a 20 milhões de reais".
Ouça a entrevista na íntegra abaixo.
O superintendente da SOMA (Superintendência de Obras e Manutenção) João Vianney, contestou.
"É importante ressaltar, que os viadutos citados observam as normas rodoviárias, ele tem o gabarito rodoviário conforme norma, tem a largura que permite a duplicação que está programada, não há comprometimento algum da duplicação e da operação normal da rodovia, isso é importante ficar bem claro, é óbvio que poderia ser feito o viaduto no sentido rodoviário, na direção da via, como é o caso da CERB (Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos da Bahia), o viaduto da Bartolomeu de Gusmão, Primavera, no Assis, é possível, era uma condição, porém, o município priorizou o seu fluxo, um viaduto que garante o fluxo rodoviário é muito mais caro, basta fazer um comparativo, a nossa ligação por exemplo, Getúlio Vargas - Noide Cerqueira, o viaduto na condição que ele está, em geral, os veículos mais pesados que passam neles são os ônibus urbanos, o dimensionamento dessa estrutura é muito inferior, se tivéssemos feito o viaduto no sentido da duplicação, no anel de contorno, essa estrutura seria muito mais robusta, algo que é fácil visualizar, o cidadão trafegando pode perceber o tamanho, o diâmetro dos pilares e dos blocos de fundação, por exemplo, do viaduto Chico Pinto que é o da Noide com a Getúlio e o viaduto da CERB que permite a ligação Senador Quintino com a Olney São Paulo, então, não comprometemos a funcionalidade, o respeito à legislação, gabarito rodoviário está garantido, inclusive, para fazer esses viadutos o DNIT autorizou, na época da integração das vias urbanas, que foi entregue em 2008, todas essas intervenções foram apreciadas pelo DNIT e foram aprovadas, exatamente por prever essa questão da largura, e essas vias marginais, a integração com as vias urbanas, esse projeto foi aprovado, a legislação com relação a altura e largura foi garantido. Não foi feito no sentido da via por que é oneroso para o município, fazer um viaduto que atenda o rodoviário em todos os aspectos, sendo que o urbano atenderia a logística do município e o respeito à legislação", disse.
Sobre a fala do engenheiro Danilo com relação aos custos, Vianney alegou que há uma questão do tempo e outros procedimentos adicionais que tiveram de ser realizados e que contribuíram para o valor mais elevado.
"Temos uma questão temporal, uma obra que foi executada entre 2006 a 2008, e outra executada em 2022, houve um projeto de integração de vias urbanas, ao custo de R$ 11 milhões na época, cerca de R$ 50 milhões, um pouco menos de 20 anos após, tivemos para o alagamento aproximadamente R$ 20 milhões, para fazer essa integração, mas que não foi só uma duplicação, houve a recuperação das estruturas, fizemos a recuperação dos aparelhos de apoio, tivemos que fazer as injeções na terra armada para garantir a estabilidade da estrutura, especialmente com o alargamento, reforço do sistema de drenagem, na Maria Quitéria tínhamos alagamentos próximo a subestação da Coelba (Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia), fizemos intervenções para retirar o fluxo de água, com relação ao valor, óbvio que a questão temporal tem um impacto muito grande, se resgatar os valores que tínhamos antes da pandemia e os de agora, e todos os insumos da construção são diferentes, é óbvio que temos essa condição, essa análise da questão temporal é importante, mas os valores são compatíveis".
Vianney concluiu, afirmando que a derrubada dos viadutos não é a solução.
"Entendo que é uma questão muito agressiva, uma tratativa dessa forma, de uma demolição e construção, demolir três elementos que respeitam a normativa rodoviária, fazer a demolição de toda essa estrutura e reconstruir, o custo é elevadíssimo, mas é uma decisão que o DNIT nos seus estudos tem que ponderar e avaliar", finalizou.
Ouça a entrevista na íntegra no audio abaixo.
Reportagem: Luiz Santos e Hely Beltrão
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