Infelizmente em pleno século XXI, 134 anos após a abolição da escravatura no Brasil, que de acordo com os livros de História só foi feita por conta da pressão exercida pela Inglaterra sobre a Coroa Portuguesa, são recorrentes em nosso país os casos de racismo, mesmo aqui na Bahia, estado em que mais de 80% da população é negra segundo dados de 2018 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua).
Na busca pela notícia nas ruas de Feira de Santana, o Conectado News encontrou o candidato a deputado federal Damazio Santana Dos Santos (Mazo) fazendo suas ações de campanha nas sinaleiras do município. Até aí, nada de anormal, mas a situação vai mudando de forma a partir do momento que Mazo, por ser negro, começa a receber ataques racistas, como o da imagem abaixo, em que teve a frente da sua casa pichada.
Entrevistamos Mazo, que contou como tem sido o dia a dia de sua campanha.
“Hoje pela manhã, a vizinha nos chamou e disse que tinha algo escrito no muro, minha mãe me chamou e quando saímos, vimos essa pichação, que só nos deixa triste, e aí fica claro que a escravidão das correntes acabou, mas ainda há uma escravidão com correntes invisíveis, pois não estou buscando algo que não está na Constituição, é bastante lógico, apenas me coloquei como opção de voto, apenas por ter feito isso, as pessoas já ficam incomodadas, é uma pena.
CN – Você tem alguma ideia de quem teria cometido este delito?
Mazo – Tentei hoje pela manhã, dei uma olhada pela rua, mas não há nenhuma câmera que pegue a frente da minha casa, que fica na esquina do outro lado, minha casa é um ponto cego com relação a câmeras.
CN – Na sua opinião, por que você foi agredido desta forma?
Mazo – Isso foi porque me coloquei como opção de voto, estou candidato a deputado federal pelo PSB, e pelo visto o número 4041 incomodou muita gente.
CN – A sua candidatura é simples em comparação com outras na cidade, e mesmo assim despertou esse ódio.
Mazo – Hoje em dia está disponível na internet para quem quiser ver, o teto de gastos de um deputado federal está em torno de R$ 2 milhões, mas quem está começando o partido não vai olhar de forma tão entusiasmada, é aquela coisa de tentar ocupar um lugar que nos pertence, mas nada na minha vida foi fácil, sempre foi difícil, e o difícil já faz parte da minha zona de conforto.
CN – Conte um pouco sobre sua trajetória.
Mazo – Nos últimos 10 anos parei minha vida, para tomar conta de minha mãe, que estava com depressão de forma recorrente, em alguns períodos, 03 meses, em outros momentos 06 meses, até 01 ano. Atualmente tem apresentado melhora, comecei a levar para o médico, tomar medicação, e esse basicamente, o meu dia a dia, tomar conta da minha mãe.
CN – Quais as providências que você pretende adotar?
Mazo – Em nosso país, a questão da discriminação racial não é levada a sério, eu não dar uma queixa, se torna um ato de se manifestar. Não sou filho de alguém rico, não tenho parentes importantes, então vai ficar por isso mesmo, não adianta sair daqui e ir a uma delegacia e prestar queixa, primeiro, quem estará na delegacia não vai dar importância, começa logo por aí.
Reportagem: Luiz Santos e Hely Beltrão
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