Natural de Buíque, cidade do agreste pernambucano, o Tenente da polícia militar da Bahia, Jean Marlus, deixou seu estado ainda criança para viver em Feira de Santana com sua grande família. Ainda criança, Marlus desembarcou na Princesa do Sertão, na época da Copa do Mundo e na feirinha da Cidade Nova começou a sua história de superação.
“A gente chegou aqui em Feira de Santana no ano de 1982. Eu lembro que na época tinha 10 anos de idade e eu, minha mãe, meu pai e mais nove irmãos desembarcamos ali no antigo posto Bahia, que fica na entrada do Campo Limpo, próximo da passarela da Cidade Nova. E na feirinha da Cidade Nova, meu pai montou uma barraca de verduras e frutas. E como muitos de vários lugares do Brasil têm destino Feira de Santana, uma cidade muito grande e o maior entroncamento do Norte-Nordeste e é uma cidade com muitas oportunidades e que abraça a todos, eu e toda a minha família saímos de uma cidade chamada Buíque no agreste pernambucano, após um conflito de famílias e aqui nós encontramos um porto seguro.”, contou.
O militar, precisou trilhar um longo caminho até realizar o seu sonho. Jean Marlus precisou lidar com a dura realidade da escassez. “Na verdade, foram muitas as dificuldades e lutas. Eu lembro-me que as condições financeiras eram muito ruins, passando inclusive necessidade de alimentos, mas a nossa resiliência, a nossa força, a determinação e fé e as próprias oportunidades que a cidade oferece ajudou a gente superar essas dificuldades. Ainda adolescente a gente enfrentava dificuldade até de comprar um calçado. Eu lembro que eu achei uma bota no lixo. E essa bota foi meu calçado até praticamente os 15 anos de idade. Ela me acompanhou durante alguns anos, graças a Deus que ela era grande, e meu pé crescia e ela continuava cabendo no pé. Mas aprouve a Deus mudar a minha história.”, recordou.
Ainda criança trabalhou em várias funções para ajudar na subsistência da família, mas foi quando entrou no exército que a realidade começou a mudar. “Eu vendi geladinho, trabalhei de carregador de frutas, trabalhei como auxiliar de açougue e determinei no meu coração a mudar a minha própria história. Aí estudei, consegui entrar no exército, construí minha família, eu casei jovem com 19 anos com Jaqueline Silva, tivemos quatro filhos, temos 30 anos de casados para Glória a Deus.”.
Inconformado, o militar decidiu que queria alcançar degraus mais altos, e desse modo também inaugurou um novo tempo para os militares de Feira de Santana. Ele se tornou um dos primeiros policiais de uma companhia da cidade a integrar a Força Nacional de Segurança Pública. “E aí logo em seguida continuei estudando entrei na Polícia Militar do Estado da Bahia e já na PM eu decidi me especializar. E me tornei o primeiro policial do 1° Batalhão, na época a integrar a Força Nacional de Segurança Pública, o que era uma novidade, uma tropa especializada, uma tropa criada naquele momento para ser constituída pelos melhores policiais do Brasil.”, disse.
O militar participou de diversas operações em todo Brasil. “E eu trabalhei, fiz um curso no estado da Paraíba, trabalhei no Pan-Americano 2007, trabalhei também em uma missão que foi denominada ‘Nova Maravilha' que foi a preparação para a tomada do Complexo do Alemão. Tivemos a oportunidade de trabalhar também em Brasília, Goiás. Trabalhamos em uma missão muito emblemática que foi quando mataram a freira Dorothy Stang ali no estado do Pará e fomos convocados para aquela região, evitando também alguns conflitos. Trabalhamos também na Raposa Serra do Sol em Roraima, na fronteira com a Venezuela. E encerrei depois de três anos desse período pela Força Nacional lá pelo estado de Mato Grosso do Sul, na fronteira com o Paraguai, com a questão dos conflitos indígenas. Então eu costumo dizer que eu saí da bota do lixo para o coturno das forças especiais”, relatou.
A história do militar acabou incentivando outros a participar da seleção para integrar a Força Nacional. Após 30 anos de serviços prestados à segurança pública, e ainda na ativa, o tenente não esconde a gratidão ao município de Feira de Santana. “Na época não foi é aquela novidade boa, porque a gente acabou estimulando outros policiais também a participar, treinar, se preparar e fazer parte da Força Nacional. Na época só quem podia participar eram policiais de tropas especializadas e na ocasião eu fazia parte do extinto Tático Móvel, mas Deus me deu essa oportunidade. Eu fiquei 14 anos também em uma companhia que as pessoas conhecem genericamente como de Caatinga, a CIPE- Litoral Norte. E graças a Deus eu não tenho do que me queixar de Feira de Santana e me abraçou. Eu sou parte de Feira e Feira é parte de mim, eu faço parte dessa história”, concluiu.
Reportagem Jessica Campos
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