A defesa do baiano Laécio José Paim das Virgens Filho, 25 anos, preso ao tentar entrar com cocaína na Tailândia, informou, nesta quarta-feira (6), que o rapaz pode ter sido usado como “mula” (termo usado para indicar um indivíduo que carrega entorpecentes) para transportar a droga do Brasil até o país asiático.
Laécio foi detido em 13 de junho no aeroporto de Bangkok e permanece em isolamento no presídio desde então. Ele estava com duas irmãs que moravam em Feira de Santana.
Samara Taxma Chalegre Muritiba e Daiana Chalegre Muritiba foram detidas pela polícia tailandesa e a defesa delas afirma que ambas foram enganadas por um homem, mas não soube detalhar quem era essa pessoa.
Em conversa com o g1, o advogado Guilherme Cedraz, que representa Laécio José, disse que não foi ele o responsável por envolver as duas irmãs no crime. A primeira linha de trabalho da defesa é mostrar que o suspeito pode ter sido "ludibriado" assim como as mulheres.
“Eu não falo que elas ou Laécio foram enganados. Geralmente, em 99% dos casos como esse, as pessoas são ludibriadas. São encantadas pela oferta de um valor alto a receber para somente levar a droga e voltar. Garanto que não foi o Laécio que enganou as outras duas. Ele viajou com elas e os três foram presos”.
Laécio José é natural de Amélia Rodrigues, cidade a cerca de 100 quilômetros de Salvador. Nas redes sociais, ele se identifica como modelo, analista de sistema e profissional de marketing, além de publicar fotos que são identificadas como registros feitos na Tailândia, o que sugere que ele já esteve no país em outra ocasião.
De acordo com o advogado, ele mora em Feira de Santana, cidade vizinha e onde também residem Samara e Daiana.
Laécio trabalha como tatuador e teria informado à família, que continua morando em Amélia Rodrigues, que iria fazer uma viagem a São Paulo para um curso de aprimoramento na profissão.
“O último contato com os pais foi informando que iria viajar para fazer um curso de aprimoramento em tatuagem. Desde que se mudou para Feira de Santana, mantinha pouco contato com eles. O pai nunca soube que ele foi envolvido com drogas e nunca teve desconfiança ou queixa”, disse Guilherme Cedraz.
Isolamento
Desde que foi preso em 13 de junho, Laécio foi levado para um presídio na cidade de Samut Prakan, cerca de 35 quilômetros distante de Bangkok. O advogado Guilherme Cedraz disse que ainda não conversou com o cliente e todas as informações sobre o caso têm sido repassadas pela embaixada brasileira na Tailândia.
O baiano está em uma área isolada dos outros presos, por causa dos protocolos adotados contra a Covid-19. Este isolamento deveria durar até o próximo domingo (9). No entanto, por causa de feriados seculares e religiosos (14 de julho tem início o Khao Pansa, uma celebração budista) a defesa só poderá conversar com Laécio no dia 18 de julho.
“Ainda não conversei com Laécio. Só vou poder ter acesso a ele no dia 18, por aplicativo de telefone celular. Aí terei todos os detalhes da situação. No momento, as informações que tenho são com a família, com a embaixada e um escritório de advocacia em Bangkok, que está dando um suporte”, disse.
Até lá, Laécio permanece incomunicável e afastado dos outros presos. O Itamaraty, por meio da embaixada brasileira em Bangkok, informou que acompanha a situação e presta assistência aos brasileiros, em conformidade com os tratados internacionais vigentes e com a legislação local.
O órgão disse também que não poderia passar informações detalhadas a respeito da prisão, de acordo com o direito à privacidade e conforme a Lei de Acesso à Informação.
Além dos três baianos presos em junho, pelo menos outros quatro brasileiros foram flagrados pela Justiça tailandesa ao tentar entrar com drogas no país.
No mês de fevereiro, três pessoas foram presas no aeroporto de Bangkok, também por tráfico de cocaína. Uma jovem de Pouso Alegre (MG), identificada como Mary Hellen Coelho Silva, 21 anos; um homem de nome Jordi Vilsinski Beffa, 23 anos, morador de Apucarana (PR); e um morador de Curitiba, Ricardo de Almeida da Rosa, 26 anos.
Eles foram presos em duas situações distintas. De acordo com as autoridades tailandesas, primeiro foram presos Ricardo e Mary. Eles saíram de Curitiba e, após escalas, chegaram ao país em um voo, por volta das 7h do dia 14 de fevereiro.
Horas depois, as autoridades prenderam o jovem de Apucarana. Ele chegou ao aeroporto em outro voo. As autoridades informaram não saber se ele conhecia os outros suspeitos.
Segundo a Polícia Federal, eles foram aliciados por uma mulher identificada como Camila Raposo Broca, que foi presa no mês de maio na capital paranaense.
Na operação, os policiais cumpriram também dois mandados de busca e apreensão e o mandado de prisão contra a mulher.
No dia 10 de março, outro brasileiro foi preso também no aeroporto de Bangkok. Um homem de 33 anos, natural do Espírito Santo, foi flagrado enquanto transportava aproximadamente sete quilos de cocaína diluídos em produtos de beleza.
Segundo a Polícia Federal, a prisão aconteceu em uma ação de cooperação internacional. A PF divulgou que as investigações tiveram início no Espírito Santo, no dia 3 de março, quando policiais tentavam identificar um homem que estaria conectado a traficantes internacionais.
Alguns dias depois, foi possível confirmar sua identidade, mas para surpresa dos investigadores, ele havia partido para o Peru.
Os agentes da PF em Lima passaram as informações para as autoridades do Peru, na expectativa de que o localizassem e continuassem as ações para determinar o que o investigado estaria fazendo em território peruano.
Os policiais peruanos conseguiram localizar o hotel em que ele estava hospedado, mas receberam a informação de que ele já havia deixado o país com destino a Bangkok em um voo com rápida escala em Paris, na França.
Fonte G1
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