Hoje, 17 de novembro, nosso protagonista de sucesso é o cantor Allan Emanuel, com sua história de garra e coragem para mudar, sempre.
Venham com o Conectado News, em mais um capítulo de Filhos e Filhas da Resistência!
“Sou o cantor Allan Emanuel, baiano arretado, nascido e morando em Feira de Santana. Hoje, além de ser cantor, paralelamente comecei o curso superior em Comunicação, sou praticamente um publicitário -faltam apenas 2 semestres para estar formando em Publicidade e Propaganda – e comecei a fazer este curso devido ao fato de trabalhar como artista feirense e o curso veio como somatório para meu projeto musical. Comecei na carreira musical em meados de 2009, era cantor de uma banda chamada ‘Negrada do Samba’; olha que legal, o nome da banda já diz tudo com relação ao movimento que estamos fazendo, o movimento do Conectado News! E nessa banda, a maioria que fazia parte era uma galera preta arretada lá do Jardim Cruzeiro, que são conhecidos como ‘família de Juca’, ‘a negralhada’, e, por ser de maioria preta, nós decidimos colocar o nome ‘Negrada do Samba’. De início, foi um choque, porque a banda era bem amadora, mas com o passar do tempo e com a experiência que íamos adquirindo, a banda começou a ganhar corpo na cidade e, por ganhar corpo na cidade, a banda começou a rodar fazendo shows em todos esses lugares. E uma das primeiras dificuldades que encontramos quando a banda começou a ganhar corpo, foi o nome, para entrar em alguns bares de classe B, os donos das casas de shows queriam mudar o nome da banda, mas nós não mudamos o nome da banda e, graças a Deus, tocamos em diversos lugares, levando nossa negritude e levando nosso samba. Enquanto artista, eu nasci no samba, cantando aqui na cidade, meu brilho de artista começou nessa banda, mas antes eu fiz parte da igreja, no ministério de louvor, onde eu aprendi a cantar, a desenvolver o trabalho musical, mas na ‘Negrada do Samba’ eu desenvolvi o lado artístico. Fiquei na banda uns 3 anos e decidi sair para lançar meu projeto próprio, que foi o ‘Allan Emanuel Tudo Novo, Tudo Nosso’, coloquei esse nome porque era algo novo, com a mesma característica que tinha antes, era uma banda de samba, mas em carreira solo de Allan Emanuel. Um dia, dormindo, tive um sonho interessantíssimo, onde Deus falava comigo ‘meu filho, o seu projeto não é de samba, e sim sertanejo’. Sou cristão não-praticante, mas tenho a minha fé, minha base cristã e, quando acordei, tive convicção plena de que era Deus falando comigo e, fazendo uma análise psicológica, realmente eu estava meio perdido no samba, porque eu pegava músicas que não eram de samba, mas cantava em samba. Alguns meses depois de lançar minha carreira de solo, falei para os músicos ‘gente, a partir de hoje, a minha banda não é mais de samba, e sim de sertanejo’.
O cantor nos contou mais sobre sua trajetória: “depois que comecei na carreira sertaneja, meu nome começou a ter uma explanação que eu não imaginava que teria e foi aí que as coisas começaram a acontecer na minha vida, em contrapartida, o público já não era mais C e D, era B e A e, por eu ser negro, encontrei muitas dificuldades, assim como encontro até hoje, porque as pessoas não estão acostumadas a ver um cantor sertanejo preto, nas baladinhas de adolescentes, os ‘fake ricos’. Existe um certo preconceito ainda, não na fala, mas na aceitação. Sou baiano, feirense, o meu estado é praticamente preto, porém ainda existe essa rejeição, sou visto com aqueles ‘olhares de canto’, que só quem é preto sabe o que é isso, mas isso não me deixou e nem me deixa abatido, porque preto é a raiz da liberdade, ser preto hoje é motivo de orgulho. E esse ano de 2020, com todas as manifestações sobre ‘Vidas pretas importam’, nos Estados Unidos, aquela corrente negra de pretos se manifestando, eu tenho estudado um pouco sobre a cultura preta, os meus descendentes, os meus ancestrais e, a cada dia, eu tenho tido muito mais orgulho de ser preto.”
E continuou: “eu vou lançar agora um novo CD, que está vindo com minha característica preta, porque ser artista é ter identidade, e nesse CD tem 5 músicas autorais, para mexer com os corações apaixonados, mexer no psicológico daqueles que estão sofrendo por amor e também com os corações das pessoas que tem um certo preconceito. E quero ter a honra de lançá-lo no programa Levante a Voz, o nome do CD é ‘Allan Emanuel – 80 litros de lágrimas’, um preto na música sertaneja, representando toda a negritude e todo o orgulho preto. Na pandemia lancei a minha agência, a ‘Agência Ligou’. E espero que essa mensagem chegue às pessoas e você que está lendo essa matéria, é de cor preta e se sente oprimido por uma sociedade que quer te colocar formas e padrões, o que importa é o que você é, não aquilo que que você tem. Se você é preto, tem que ter orgulho ainda mais de quem você é, você nascer pobre não é uma escolha sua, você nascer preto ou preta não é uma escolha sua, mas você transformar sua vida e ser o melhor ou a melhor, aí sim, é tua escolha! E, assim como eu, passe por todos os percalços da vida, saiba que você vai ser apedrejado, criticado, vai sofrer preconceitos, mas saiba que a nossa pele representa muito mais do que um pobre preconceito.”
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