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Educação Ensino

Crianças que não sabem ler e escrever aumentam 66% na pandemia

Dados são da ONG Todos pela Educação com informações do IBGE

18/02/2022 11h27 Atualizada há 4 anos
Por: Hely Beltrão Fonte: Conectado News
Foto: Redes Sociais
Foto: Redes Sociais

O número de crianças brasileiras entre seis e sete anos que não sabem ler e escrever cresce 66% na pandemia, conforme dados divulgados pela ONG Todos pela Educação, baseado em uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) . 

Conforme a professora Mestre em Ensino, Linguagem e Sociedade, Maria Angélica Rosa Fagundes, “esses dados são assustadores, mas para nós professores isso não foi tão gritante pois já vínhamos percebendo isso em nossas práticas laborais. E o grande problema é que essas crianças poderão ter dificuldades para prosseguir com suas progressões de aprendizagem e é preciso pensar em políticas públicas que resolvam isso”, afirma. 

Diante dos desafios da pandemia, as escolas precisaram se reinventar aplicando o ensino remoto como forma de não paralisar a educação. “Quando falamos em ensino remoto nos vem algumas questões se a qualidade estava atrelada ao ensino remoto, eu digo que sim, pois foi a única forma que nós professores tivemos de manter contato com os alunos com as famílias nesses dois anos de pandemia, o problema foi que ele não funcionou para todas as escolas do país, tinha comunidades que não tinham internet, muitas famílias que não possuem as ferramentas digitais como o celular, um notebook e essa atividades tinha que ser enviadas impressas que eram respondidas pelas crianças com mediação dos pais  e devolvidas a escolas”, disse a professora. 

 Segundo a professora, a aplicação do ensino remoto  gerou um novo momento na educação e novos impactos, pois muitos pais não tinham tempo para acompanhar as atividades dos filhos e  outros não possuem formação acadêmica. “Muitas crianças pegavam as atividades e as devolviam  em branco”, completa. 

Entre crianças pretas, 47,7% não haviam sido alfabetizadas em 2021. Pardas eram 44,5% e a taxa entre crianças brancas, de 35,1%.  “Em nossa escola pública a grande maioria das crianças são pretas e pardas. É  preciso um engajamento da sociedade para diminuir os efeitos da pandemia sobre a alfabetização e garantir a qualidade do ensino cobrando dos nossos governantes políticas públicas efetivas”, explicou Maria Angélica.

Políticas Públicas

De acordo com a professora, “as agendas do governo devem se centrar em quatro aspectos importantes para garantir ao aluno o direito de aprender, são elas: Revisão do currículo escolar, formação do professor, apoio pedagógico e  estratégias de viabilização de aprendizado”, salienta. 

 Recuperação do aprendizado, melhorar a estrutura das escolas e investir na formação do professor para esse novo  momento são estratégias essenciais segundo María Angélica. “A educação pública precisa ser pensada para todos. Não podemos permitir que essas crianças estejam fadadas a serem analfabetas ou a desistirem dos seus sonhos e projetos de vida e isso se faz por meio de políticas públicas sérias” , concluiu.

Reportagem: Emanuelle Pilger  e Engledy Braga 

11 comentários
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Justino Cosme Há 4 anos Santa Maria da VitóriaÉ muito bom ver professoras e professores estudando, ainda mais, especializando-se e contrribundo com a educação pública. De certa forma, dando um retorno do que aprendeu; ajudando a criar mecanismo para reverter os dados ruins da sua pesquisa ou das condições negativas e adversas visualizadas no exercício da docência. Parabéns, Angelica!
Vanessa MendesHá 4 anos Brasília - DFParabéns Professora Maria Angélica, por constatar os problemas e apontar caminhos. Que o Poder Público e a sociedade enfrentem com coragem e compromisso esse amplo desafio.
Katyane Bernardino QueirozHá 4 anos SANTA MARIA DA VITORIAMuito interessante essas informações na educação.Parabens a colega que fez esse levantamento.✍️???
Edilma Antunes da Silva Há 4 anos Santa Maria da Vitoria " Compreender como a aprendizagem foi compreendida até nossos dias ,permite refletir sobre nosso próprio processo de aprendizagem do tipo de professor que queremos ser. " parabéns colega pela brilhante pesquisa e reflexão a pandemia trouxe várias reflexão para o ata de ensinar e aprender a todos nós.
Ivana Cristina Dourado Ramos LeiteHá 4 anos Santa Maria da Vitória -BahiaEsses dados precisam, de fato, ser objeto de reflexão e ação das secretatias municipais de educação, pois nesses dois anos de pandemia, os professores da educação básica, em sua maioria, trabalharam porque investiram recursos financieros próprios na aquisição de equipamentos tecnológicos!????Parabéns Professora!!
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