O número de crianças brasileiras entre seis e sete anos que não sabem ler e escrever cresce 66% na pandemia, conforme dados divulgados pela ONG Todos pela Educação, baseado em uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) .
Conforme a professora Mestre em Ensino, Linguagem e Sociedade, Maria Angélica Rosa Fagundes, “esses dados são assustadores, mas para nós professores isso não foi tão gritante pois já vínhamos percebendo isso em nossas práticas laborais. E o grande problema é que essas crianças poderão ter dificuldades para prosseguir com suas progressões de aprendizagem e é preciso pensar em políticas públicas que resolvam isso”, afirma.
Diante dos desafios da pandemia, as escolas precisaram se reinventar aplicando o ensino remoto como forma de não paralisar a educação. “Quando falamos em ensino remoto nos vem algumas questões se a qualidade estava atrelada ao ensino remoto, eu digo que sim, pois foi a única forma que nós professores tivemos de manter contato com os alunos com as famílias nesses dois anos de pandemia, o problema foi que ele não funcionou para todas as escolas do país, tinha comunidades que não tinham internet, muitas famílias que não possuem as ferramentas digitais como o celular, um notebook e essa atividades tinha que ser enviadas impressas que eram respondidas pelas crianças com mediação dos pais e devolvidas a escolas”, disse a professora.
Segundo a professora, a aplicação do ensino remoto gerou um novo momento na educação e novos impactos, pois muitos pais não tinham tempo para acompanhar as atividades dos filhos e outros não possuem formação acadêmica. “Muitas crianças pegavam as atividades e as devolviam em branco”, completa.
Entre crianças pretas, 47,7% não haviam sido alfabetizadas em 2021. Pardas eram 44,5% e a taxa entre crianças brancas, de 35,1%. “Em nossa escola pública a grande maioria das crianças são pretas e pardas. É preciso um engajamento da sociedade para diminuir os efeitos da pandemia sobre a alfabetização e garantir a qualidade do ensino cobrando dos nossos governantes políticas públicas efetivas”, explicou Maria Angélica.
Políticas Públicas
De acordo com a professora, “as agendas do governo devem se centrar em quatro aspectos importantes para garantir ao aluno o direito de aprender, são elas: Revisão do currículo escolar, formação do professor, apoio pedagógico e estratégias de viabilização de aprendizado”, salienta.
Recuperação do aprendizado, melhorar a estrutura das escolas e investir na formação do professor para esse novo momento são estratégias essenciais segundo María Angélica. “A educação pública precisa ser pensada para todos. Não podemos permitir que essas crianças estejam fadadas a serem analfabetas ou a desistirem dos seus sonhos e projetos de vida e isso se faz por meio de políticas públicas sérias” , concluiu.
Reportagem: Emanuelle Pilger e Engledy Braga
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