Bombeiro explica como agir em situações de engasgo

Após o campeão baiano de jiu-jítsu Aldo Kemps ter morrido engasgado com pedaço de carne, na última segunda-feira (02), todos tem se preocupado com o tema e dúvidas tem surgido. Conversamos com o Tenente Lucas, para abordarmos obstrução de vias aéreas. Relembre aqui https://conectadonews.com.br/?p=8304

“É muito bom estarmos aqui, para falarmos de um tema tão importante, que é a obstrução de via aéreas. Um tema que, pela sua gravidade, tem ceifado muitas vidas. Entretanto, eu vou passar pra vocês uma manobra simples que, com certeza, se for observada atentamente e aplicada de maneira eficiente, pode salvar muitas vidas.”

E explicou: “a obstrução de vias aéreas pode ser parcial ou total e ela acomete adultos, crianças e lactentes. A manobra aplicada em adulto ou criança difere da manobra que deve ser aplicada em lactente, primeiro que o adulto e a criança apresenta sinais claros, que a pessoa que está ao lado identifica imediatamente que se trata de uma obstrução de vias aéreas ou um engasgo, comumente como essa obstrução de vias aéreas acontece em adultos e crianças por engasgo, decorrente de alimentos sólidos ou pastosos. E no caso de lactentes, ela decorre da ingestão de alimentos líquidos ou pastosos. A obstrução parcial acontece de uma maneira que a vítima consegue ainda, com um certo desconforto ou com muito desconforto, ter reflexos de tosse. Esses reflexos de tosse significam que a pessoa ainda está conseguindo ter uma troca de ar entre o meio externo e os pulmões. Entretanto, esse quadro pode se evoluir muito rapidamente para uma obstrução total. Na obstrução total a vítima não apresenta nenhum desses sinais de tosse, não consegue respirar, o que ela consegue fazer, no caso do adulto e da criança, é esboçar um sinal característico de engasgo, inclusive é um sinal universal, que é levar as mãos ao nível do pescoço e mostrando que está com dificuldade respiratória. Nesse momento, as pessoas que estão próximas devem manter a calma, identificar o problema, pedir ajuda, pedir para que alguém que esteja próximo ligue imediatamente para o 192 SAMU ou 193 BOMBEIROS, pra que o socorro chegue o mais rápido possível.”

“E inicia-se imediatamente a manobra, que agora eu vou explicar: a pessoa se identifica para quem está engasgado, diz que vai tentar desobstruir as vias aéreas dela. Passa pra trás da vítima, posiciona as pernas entre as pernas da vítima e coloca a mão de maior força na região da cicatriz umbilical, onde o dedo polegar fique apontando pra essa região. Com a outra mão, abraça a mão que está na cicatriz umbilical e faz um movimento em forma de J (jota), de fora para dentro e de baixo pra cima. Isso faz com que a vítima tente tossir, porque o objetivo dessa manobra é provocar uma tosse artificial. Esse tosse é um artifício para que a pessoa consiga expelir esse objeto que está fazendo essa obstrução, de uma maneira rápida e eficiente.”

O Bombeiro Lucas conta como funciona a desobstrução em crianças: “a manobra é a mesma, porém, a pessoa ter que ter o cuidado de colocar essa criança em cima de uma cadeira, de uma mesa ou então fica ajoelhado atrás dessa criança e executar o mesmo movimento. Chamo atenção para que, tem que se ter um cuidado maior em fazer essas manobras envolvendo crianças, por causa da compressão física da criança, deve-se evitar imprimir uma força muito grande, para que não ocorra um acidente superveniente, lesão, quebra de costela. E casos de lactentes, a manobra é completamente diferente. Ele para de chorar, para de se movimentar, as pontas dos dedos começam a ficar arroxeadas. Tem que se iniciar, imediatamente, a manobra, alguém que esteja próximo ligar para o 192 SAMU ou 193 BOMBEIROS. Nesse caso toma-se a criança de quem está amamentando ou dando o alimento líquido ou pastoso, ou a própria pessoa, se tiver o conhecimento, pode fazer também. Coloca-se a criança em decúbito dorsal no antebraço, tendo o cuidado de amparar a cabeça, para que não fique do que o resto do corpo, observa rapidamente a boca dessa criança e coloca ela na outra mão, em decúbito ventral, ou seja, de barriga para baixo no antebraço. E, nesse caso, tem que ter o cuidado também de amparar a mandíbula. O corpo da criança deve ficar ligeiramente inclinado, para que a cabeça fique um pouco mais baixa. Nessa posição deve-se dar cinco tapotagens vigorosas entre os omoplatas, para provocar a tosse. Após essas cinco tapotagens, coloca-se a criança no outro antebraço, já em decúbito dorsal e faz, com os dedos indicador e médio, as compressões torácicas, de maneira que não force muito, devido à compressão física do lactente, para não haver rupturas ou fraturas nessa região. As cinco compressões tem que ser suficientes para que ela tenha uma ventilação e esse movimento deve ser repetido tantas vezes sejam necessárias para que essa criança consiga colocar esse alimento líquido ou pastoso para fora. Após a criança expelir, deve-se ter o cuidado em limpar a boquinha da criança, para que ela não venha a regurgitar e ter um outro problema decorrente disso.” afirma Lucas.

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Foto Ney Silva