Por Luiz Santos e Hely Beltrão
Aconteceu na manhã desta terça (26), a "Operação Patrocínio Indigno", desdobramento da ‘Operação El Patrón, que cumpriu três mandados de prisão preventiva contra suspeitos de atrapalhar investigações relacionadas a um grupo miliciano com atuação na região de Feira de Santana, entre eles, o advogado, Igor Cesar, que atua na defesa de um dos presos.
Durante coletiva de imprensa, o delegado responsável pela operação, Geraldo Sergio Silva de Almeida, disse que o advogado estava atuando para destruir provas e repassar informações a outros integrantes da milícia.
"A presente operação visa desarticular uma organização criminosa que destruiu provas armazenadas em meios digitais, durante as investigações, ficou evidenciada a participação de um advogado que abusou da prerrogativa de acesso ao cliente e participou de atos ilícitos, repassando informações para outros integrantes da organização criminosa, determinando que fossem destruídas provas essenciais às investigações".
O advogado de defesa, Caio Vitor Menezes, negou que seu cliente esteja envolvido na prática de crimes e que aguarda acesso aos autos para entrar com pedido de soltura.
"Ainda não tivemos acesso aos autos, fomos pegos de surpresa, porque mandados de prisão ocorrem sob sigilo, tendo ciência apenas no momento do cumprimento, estamos atuando para ter acesso aos autos, entender quais os fundamentos do pedido de prisão e aguardando para fazer a audiência de custódia. Tivemos contato com ele no momento do cumprimento do mandado e na delegacia, mas nada relevante. Ainda não conversamos sobre a questão, até porque ele não cometeu nenhum tipo de crime, temos convicção de que não houve nenhuma conduta ilícita, não podemos falar muita coisa porque ainda não sabemos o fundamento da prisão".
Ouça a entrevista na íntegra abaixo.
O advogado Rafael Pitombo, presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) Subseção Feira, detalhou ao Conectado News, como atua o órgão durante a investigação e cumprimento de mandados.
"Nesses casos em regra, quando a Polícia Federal faz qualquer tipo de operação, encaminha um comunicado a OAB sobre a realização da operação, esse é um procedimento que ocorre em sigilo, onde o órgão responde esse ofício indicando um membro da comissão de prerrogativas para acompanhar esses atos de busca e apreensão e fazer o acompanhamento do colega, e mais uma vez foi dessa forma que aconteceu, fomos intimados, estivemos presentes desde a madrugada acompanhando a busca e apreensão em desfavor desse advogado, estivemos também na sede da Polícia Federal em Feira de Santana enquanto o advogado esteve lá custodiado, ao que parece já foi encaminhado para Salvador, a comissão prerrogativa continua acompanhando. Que fique claro que a OAB não interfere na materialidade ou julga se o advogado é culpado ou não, esse é um trabalho que deve ser feito por sua defesa técnica, a nossa função é para atuar para garantir os direitos desse advogado, nessa situação é importante também destacar, que a OAB Bahia através da sua procuradoria acompanhará o caso e entrará no processo desse colega, pois estamos vivendo um momento de tentativa de criminalização da advocacia, ou seja, confundir o advogado com o seu cliente na prática de ilícitos, não podemos afirmar que isso aconteceu nesse caso".
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