Receber um diagnóstico de HIV/AIDS assusta. Descoberta desde 1981, a Síndrome de Autorreferência Adquirida (AIDS, na sigla em inglês) ainda não possui cura definitiva ou uma vacina para combater o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). O Ministério da Saúde estima que atualmente cerca de 866 mil brasileiros sejam soropositivos, dos quais mais de 500 mil recebem acompanhamento clínico pelo SUS, no entanto, nos últimos 10 anos o número de novas infecções voltaram a crescer principalmente entre jovens nas faixas de 15 a 19 anos e de 20 a 24 que teve um aumento de 29,0% e de 20,2% respectivamente entre os anos de 2010 a 2020 de acordo com o Boletim Epidemiológico HIV/Aids.
A professora mestra em enfermagem Talita Adriano, afirma que a desinformação tem contribuído para o aumento nos casos. “O público mais jovem tem uma vida sexual mais ativa, em muitos dos casos tem o contato sexual com mais pessoas, por isso que o número dos casos estão associados a essa categoria. Devem ser reforçadas as estratégias de educação e saúde , principalmente na atenção básica, para que as pessoas tenham consciência principalmente das formas de contaminação”, afirmou.
O vírus HIV é transmitido por meio de relações sexuais (vaginal, anal ou oral) desprotegidas (sem camisinha) com pessoa soropositiva, ou seja, que já tem o vírus HIV, pelo compartilhamento de objetos perfuro cortantes contaminados, como agulhas e alicates, de mãe soropositiva, sem tratamento, para o filho durante a gestação, parto ou amamentação.
A docente destaca a importância do uso do preservativo, tanto masculino quanto feminino, durante as relações sexuais, como métodos de barreira eficaz para prevenção do HIV. “A camisinha masculina e feminina têm o mesmo parâmetro de proteção durante o ato sexual e são gratuitamente fornecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Lembrando que, se o homem está usando o preservativo masculino a mulher não precisa utilizar o preservativo feminino”, destacou.
Talita completa . “É importante reforçar para a mulher o uso do preservativo feminino. Muitas mulheres nunca viram e nem sabem como usar. Ela pode procurar um profissional da saúde para entender o uso, inclusive a mulher pode utilizar oito horas antes da relação sexual e muita gente não tem essa informação” disse.
Um caso recente chamou a atenção da comunidade científica, uma mulher argentina de 30 anos eliminou o HIV do organismo no final de 2021. Episódio raro, o segundo em todo o mundo, esse acontecimento representa expectativas positivas para a descoberta de uma possível cura da Aids.
Mas mesmo não havendo cura, há muitos avanços científicos nessa área que possibilitam que a pessoa com o vírus tenha qualidade de vida. “Se alguém tiver o contato desprotegido com alguém que venha a estar contaminado que procure imediatamente o serviço de saúde para que lá sejam tomadas as primeiras providências, hoje temos à disposição a profilaxia pós exposição de risco (PEP), que é um grupo de medicamentos que reduzem o desenvolvimento da infecção”, orientou Talita.
Diferença entre HIV e Aids
A professora de enfermagem explica que “o HIV é o vírus da imunodeficiência humana, este vírus pode permanecer no organismo da pessoa por anos e anos e a pessoa nunca saber que está infectada, o que é um risco muito grande, pois ela pode ser um agente contaminador. A Aids é uma doença relacionada ao HIV, é quando o sistema imunológico da pessoa já está comprometido pelo vírus e é nesse momento também que outras doenças oportunistas, como pneumonia e tuberculose, conseguem se instalar”, explicou.
O HIV, na maioria dos casos, pode ser considerado uma doença “silenciosa”, isto é, podem ficar anos sem apresentar sintomas, por isso é importante manter uma frequência nos exames de check-up.
Um resultado positivo, não é uma sentença de morte. “Após um diagnóstico de HIV a pessoa pode viver normalmente com qualidade de vida, claro que com cuidados. Esses tabus precisam ser desmistificados”, declarou Talita.
A Aids ainda é um problema de saúde pública e precisa de atenção. “É necessário que o Ministério da Saúde fortaleça os serviços de atenção à saúde, principalmente a saúde primária. Reforce as estratégias de educação e saúde principalmente nas comunidades e utilize dos meios de comunicação para fazer com que as informações, principalmente as formas de prevenção cheguem às pessoas”, concluiu a professora.
Reportagem Engledy Braga
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